Nas sociedades ocidentalizadas damos como adquirido o acesso à eletricidade. Mas gestos simples como carregar o telemóvel, acender a luz à noite para estudar, fazer pesquisas na Internet e até trabalhar remotamente não estão ao alcance de todas as pessoas do mundo.

Em Zanzibar, em África, a vida é difícil. Conta-se com pelo menos metade da população a viver abaixo do limiar da pobreza (aproximadamente menos de dois euros por dia). As mulheres são as mais afetadas, tendo duas vezes menos acesso à educação formal, de acordo com um inquérito do governo da Tanzânia, de 2016.

Somente 53% (dados de 2019) das casas estão ligadas à rede elétrica. Os restantes dependem de candeeiros de parafina, bastante caros para a generalidade dos habitantes do país. Para se ter uma noção, quatro gramas de parafina custam 200 shillings (perto de 0,08 euros), mas muitas pessoas não ganham esse valor em dois dias de trabalho.

A Barefoot College, um empreendimento social que começou na Índia e está agora a ser implementado em Africa, desenvolve soluções práticas para combater a pobreza de forma sustentável na região, contanto com vários projetos na área social.

Em Zanzibar o projeto foca especificamente o treino de mulheres para serem ‘engenheiras solares’, para levarem para aldeias remotas a luz através da energia solar. Desse modo as mulheres, que são menos propensas a deixarem as aldeias, conseguem arranjar um emprego com salários mais dignos.

“Quando se educa uma mulher, educa-se uma comunidade inteira. Quando se educa um homem, ele não fica na aldeia, ele vai-se embora. Mas quando se educa uma mulher, ela volta para a sua aldeia e ajuda a melhorá-la”, disse Fatma Juma Haji, uma ‘engenheira solar’ formada pela Barefoot College.

As comunidades que participam deste projeto têm de ter mais de 100 aldeãos e devem nomear duas mulheres entre os 35 e os 55 anos para que realizem o treino na Barefoot College durante cinco meses, longe das suas famílias.

Essas mulheres, embora geralmente não tenham uma educação formal, muitas delas iletradas, ocupam um lugar de relevância e de influência nas comunidades. São avós e mães que esperam ganhar um estatuto e pretendem poder transformar as suas vidas e as vidas da sua comunidade.