Segundo um relatório da Alzheimer Europe, em 2050 Portugal registará 346 905 (3,82% da população) casos de demência, um crescimento acima da média europeia. O mesmo documento parte de dados de 2018 (193 516 casos e 1,88% da população) e é o estudo mais recente sobre a prevalência do problema a nível nacional. 

Segundo a associação Alzheimer Portugal, a previsão dramática deve-se à subida da longevidade. “Um fator determinante desta mudança será́ o aumento significativo do número de pessoas com mais de 70 anos e, em particular, da faixa das pessoas com mais de 85 anos, a qual mais do que duplicará entre 2018 e 2050”.

Sinais iniciais da doença

Perda de memória frequente e progressiva;

Confusão;

Alterações da personalidade;

Apatia e isolamento;

Perda de capacidades para realizar tarefas diárias.

Um nome, várias doenças

‘Demência’ é um termo que muitos já ouviram mas, provavelmente, poucos sabem exatamente o que significa, muito por causa do largo espectro de condições de saúde a que se refere. A designação não remete apenas para uma doença, mas sim para várias patologias que provocam o declínio progressivo do desempenho cognitivo e comportamental, com- prometendo o raciocínio e memória, e condicionando a autonomia.

Alzheimer é a forma mais vulgar de demência e representa cerca de dois terços de todos os casos mundiais. Trata-se de uma doença neurodegenerativa, de causa desconhecida, na qual a acumulação de substâncias tóxicas no cérebro leva à morte progressiva das células neuronais, o que se traduz numa incapacidade de recordar ou assimilar a informação. Deste modo, à medida que a doença vai afetando as várias áreas cerebrais, vão-se perdendo certas funções ou capacidades.

Outra das formas comuns de demência é a demência vascular, que está associada a problemas de circulação do sangue para o cérebro. Segundo um estudo epidemiológico recente, realizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, em Portugal, este tipo de demência já ultrapassou a que é causada por Alzheimer. O elevado número de casos de hipertensão é uma das explicações para o invulgar padrão português.

Existem vários tipos de demência vascular, mas as duas formas mais comuns são a demência por multienfartes cerebrais e doença de Binswanger. A primeira é causada por vários pequenos enfartes cerebrais (acidentes isquémicos) transitórios. A segunda, denominada por demência vascular subcortical, está associada às alterações cerebrais relacionadas com os enfartes e é causada por hipertensão arterial, estreitamento das artérias e por uma circulação sanguínea deficitária.

A doença de Parkinson também é uma forma de demência. Trata-se de uma perturbação progressiva do sistema nervoso central, caracterizada por tremores, rigidez nos membros e articulações, problemas na fala e dificuldade na iniciação dos movimentos.

Mais frequente a partir dos 65 anos, a demência pode ocorrer em pessoas entre os 40 e os 60

Entre as restantes patologias que se inserem no quadro de demência, estão também: a demência por corpos de Lewy, causada pela degeneração e morte das células cerebrais; a demência frontotemporal, onde se regista a degeneração de um ou de ambos os lobos cerebrais frontal ou temporal; e a doença de Huntington, patologia degenerativa e hereditária, que afeta o cérebro e o corpo, e se caracteriza pelo declínio intelectual e movimentos irregulares involuntários dos membros ou músculos faciais.

A maioria destas doenças está associada a idosos, mas pode afetar os mais jovens. Embora seja mais frequente a partir dos 65 anos, a demência pode ocorrer em pessoas entre os 40 e os 60 anos.

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FONTE© iStockphoto/IvelinRadkov/Delihayat