Cientistas americanos do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, anunciaram em dezembro que alcançaram um avanço histórico no campo da fusão nuclear: pela primeira vez, produziram em laboratório mais energia do que o necessário para causar a reação.

Para muitos, a fusão nuclear é a energia do futuro. Tem várias vantagens: não gera CO₂, produz menos detritos radioativos do que a energia nuclear utilizada até agora e não comporta riscos de acidente.

Dois técnicos numa operação de manutenção para garantir a segurança de equipamentos no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, EUA | © Reuters

A fusão difere da fissão nuclear, técnica atualmente usada em centrais nucleares que envolve a quebra das ligações dos núcleos atómicos pesados para liberar energia.

A fusão é o processo inverso: envolve a junção de dois núcleos leves (hidrogénio, por exemplo), para criar um pesado (hélio), e isso também liberta energia. É o processo que ocorre nas estrelas, como o Sol.

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Laboratório Nacional Lawrence Livermore, Califórnia, EUA | © Reuters

Poderosa, segura e não poluente

“Controlar a fonte de energia das estrelas é o maior desafio tecnológico da Humanidade”, escreveu no Twitter o físico Arthur Turrell, autor do livro ‘The Star Builders’.

Ao contrário da fissão, a fusão não acarreta o risco de um acidente nuclear. Se houver uma falha no sistema, a reação é simplesmente interrompida, explica Erik Lefebvre, chefe de projetos da Comissão de Energia Atómica de França.

Além disso, a fusão produz menos lixo radioativo do que as centrais atuais – e não liberta gases de efeito estufa.

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Laboratório Nacional Lawrence Livermore, Califórnia, EUA | © Reuters

“É uma fonte de energia totalmente descarbonizada, que gera poucos resíduos e que é intrinsecamente muito segura” pelo que seria “uma solução futura para os problemas energéticos à escala global”, resume Lefebvre.

Solução a longo prazo

Mas “o caminho ainda é muito longo” até “uma demonstração em escala industrial e que seja comercialmente viável”, alerta Erik Lefebvre, para quem estes projetos ainda exigem 20 ou 30 anos de desenvolvimento.

Agora que um ganho de energia líquida foi alcançado via tecnologia laser, “temos de descobrir como simplificá-lo”, acrescentou.

O método requer ainda múltiplos aperfeiçoamentos tecnológicos, já que é necessário poder repetir a experiência muitas vezes por minuto e aumentar o rendimento da mesma.

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Laboratório Nacional Lawrence Livermore, Califórnia, EUA |© Reuters

Devido ao seu estado de desenvolvimento, a fusão não representa para já uma solução imediata para a crise climática. Daí que a transição para energias alternativas e a menor dependência dos combustíveis fósseis é de vital importância para o futuro de todos nós.

FONTE© Reuters