O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma doença reumática inflamatória, que pode envolver todos os órgãos do corpo ou apenas alguns. Faz parte do grupo das doenças autoimunes, ou seja, patologias que decorrem de uma disfunção no sistema imunitário, que o leva a atacar o organismo, ao invés de o proteger.

A palavra lúpus significa ‘lobo’ em latim e remete para as lesões na pele muito comuns entre os pacientes (60-70%). Estas marcas podem ser específicas, em forma e padrão, e a sua duração e gravidade variam ao longo do tempo, em função das fases ativas e inativas da patologia.

Vacina - Lupus - Sem causa nem cura
D.R.

Efeito da vacina contra a covid-19

Nesta fase de pandemia, os doentes com lúpus devem manter as rotinas de tratamento e acompanhamento da doença.

De resto, “o comportamento não deve ser diferente do recomendado às restantes pessoas: distanciamento, máscara, lavagem de mãos, etc.”, afirma o dr. Luís Dutschmann, presidente da Associação Portuguesa de Lúpus, alertando, contudo, que a eficácia da vacina contra a covid-19 em doentes com lúpus pode ser afetada pela terapêutica imunossupressora.

O lúpus afeta mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo (500 mil na Europa; e quatro mil em Portugal), maioritariamente mulheres (90%), embora os homens também possam ser atingidos. No que toca a idades, a incidência mais elevada ocorre entre os 18 e os 55 anos.

Sem causa conhecida e atribuído a uma combinação de fatores genéticos, ambientais ou hormonais, o lúpus pode surgir na puberdade, na gravidez, pela exposição solar, durante a menopausa, como resultado de um trauma, após uma infeccão viral, ou pela toma prolongada de certos fármacos. Neste último caso, quando se interrompe a toma dos medicamentos, por norma, eliminam-se os sintomas e a doença.

Diagnóstico nem sempre é fácil

Vários sintomas do lúpus assemelham-se bastante aos de outras patologias e como alguns têm uma duração variável pode tornar-se muito difícil diagnosticá-los. Os sinais podem ser internos, como o stresse físico, cansaço excessivo, infecções (febre persistente), privação de sono, traumatismos, perda de apetite e emagrecimento; ou externos, como a sensibilidade à luz solar ou artificial (fotossensibilidade) e o stresse emocional.

Muitas vezes ocorrem manchas vermelhas ou rosadas na pele da face (sobretudo nas bochechas e nariz, em forma de borboleta) pescoço ou braços, as chamadas lesões discoides.

Lupus - Sintomas e possíveis complicações
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Por vezes, há também registos do fenómeno de Raynaud, que se caracteriza por espasmos nos vasos sanguíneos, geralmente reações ao frio, em que as extremidades (dedos das mãos ou pés) ficam dormentes e frios, com aspeto branco/azulado e depois vermelhos. A doença também pode provocar perda de cabelo (alopécia), formação de úlceras na boca ou nariz e dores nas articulações. Em determinadas fases, podem surgir outro tipo de complicações, envolvendo o sistema respiratório, cardíaco ou renal.

“Quem tem o diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistémico não deve desesperar”, pois “contornados os surtos agudos, os doentes podem ter uma rotina profissional e familiar perfeitamente normal”, desde que devidamente tratadas e vigiadas, assegura o dr. Luís Dutschmann, presidente da Associação Portuguesa de Lúpus (APL).

É essencial para quem se confronta agora com o diagnóstico saber que “a doença, embora não tenha cura, pode ser controlada com uma terapêutica adequada, hábitos higiénicos (proteger a pele com cremes, evitar a exposição solar, repouso quando necessário, dieta, etc.) e vigilância do médico”. A Associação está disponível para orientar doentes ou familiares que precisem de ajuda.

Mitos sobre o Lúpus

  • É contagioso?

O lúpus não é contagioso, nem infeccioso.

  • Só afeta as mulheres?

Não. Embora mais de 90% dos doentes sejam mulheres, o lúpus também afeta os homens.

  • A ‘borboleta’ é sintoma?

Só cerca de um 1/3 das pessoas com lúpus desenvolvem a popular erupção em forma de borboleta sobre a cana do nariz e as bochechas.

  • O sol agrava os sintomas?

Sim. Cerca de 60% dos pacientes têm erupções cutâneas provocadas pelo sol e 10-20% registam a exacerbação de outros sintomas.

  • Existe um teste diagnóstico específico?

Não. O diagnóstico é multifatorial (historial clínico, exames e testes).

  • Gera depressão?

A depressão pode surgir em associação com a doença.

  • A memória é afetada?

Sim, até 60% das pessoas com Lúpus apresenta algum tipo de problema de memória.

  • Existe um medicamento específico?

O antimalárico hidroxicloroquina é um dos mais prescritos. Ajuda a reduzir a fadiga, os surtos induzidos pelo sol e outros sintomas.

 

FONTED.R.