A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável considera que é possível cumprir o alerta da ONU sobre as metas climáticas, mas tem de haver ações mais arrojadas.

O relatório das Nações Unidas diz que, até 2030, o Mundo tem de reduzir para metade a emissão de gases com efeito de estufa, sob pena de haver um desastre ambiental.

Em mais um ultimato a governos e empresas, o secretário-geral António Guterres avisa que só temos sete anos para impedir que o planeta deixe de ser como o conhecemos. “A Humanidade caminha sobre gelo fino – e esse gelo está a derreter rapidamente. Como mostra o relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, os seres humanos são responsáveis por praticamente todo o aquecimento global nos últimos 200 anos. A bomba-relógio climática não para.”

Zero pede ações ambiciosas para evitar desastre ambiental - António Gueterres
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, tem sido uma das vozes mais críticas em relação às alterações climáticas | © Reuters

O ‘tiquetaque’ soa, e desta vez, diz António Guterres, entidades e governos têm de ouvir. Só assim será possível minimizar as perdas e os danos para toda a Humanidade. Segundo o relatório das Nações Unidas, é preciso limitar o aquecimento global a um grau e meio ainda neste século, o que, para os ambientalistas da associação Zero, é possível, se a ação for imediata. “Atualmente já seria possível reduzir para metade até 2030 os combustíveis fósseis; por outro lado, tem de haver uma aposta massiva nas energias renováveis e nas poupanças de energia por parte também dos consumidores e das empresas. É esse o caminho para conseguirmos reduzir as emissões”, explica a ambientalista Ana Muller.

Mundo pode deixar de ser como o conhecemos hoje

Falta vontade política para mudar, diz a Zero. Certo é que, se nada mais ambicioso for feito, o mundo pode deixar de ser como o conhecemos hoje, avisa Ana Muller. “Nós estamos a falar de um grau e meio, dois graus, parece que são números, parece que é uma fração, mas o Mundo pode não acabar, mas vai ser muito diferente daquilo que observamos hoje. Os efeitos devastadores serão cada vez maiores, vamos ter cada vez mais consequências ao nível dos países, ao nível dos estados, das famílias, das empresas, portanto, é essencial que a urgência esteja na mente das pessoas e que tomemos medidas o mais depressa possível.”

E algumas dessas consequências ambientais já se começam a observar, até em Portugal. “Os países mais vulneráveis são aqueles que têm sofrido maiores catástrofes ambientais, maiores secas, que conduzem depois à fome, à imigração, aos refugiados e a todos esses problemas. Mas, mesmo a nível de Portugal, temos assistido, por exemplo, que os últimos invernos têm sido bastante secos e isso traz um enorme problema para a agricultura. O nível da água das barragens diminuiu muito no último ano… Este ano está a ser um pouco melhor, mas os efeitos podem ser observados lá fora como cá dentro”, constata a ambientalista da Zero.

Por mais que custe assumir, a verdade é que os impactos climáticos já afetam todos no planeta, ainda que não da mesma forma. Algumas zonas de África, Ásia, e da América Central e do Sul estão entre as regiões mais afetadas. 

FONTE© Envato