Médicos de saúde pública contra levantamento do isolamento

Pessoas infetadas com covid-19 ou em isolamento profilático vão poder votar no dia 30 de janeiro.

Os médicos de saúde pública estão contra o levantamento do isolamento para ir votar nas eleições legislativas. Dizem ainda que, a partir de agora, haverá mais pessoas a não cumprirem o confinamento.

É uma decisão que devia ter sido evitada se o ato eleitoral tivesse tido um planeamento adequado. A opinião é de Gustavo Tato Borges, médico de saúde pública.

“Os médicos de saúde pública não concordam com esta decisão. Não é que sejam contrários ao direito fundamental do exercício de voto, mas a solução encontrada pelo governo e após o parecer da Procuradoria Geral da República, é insuficiente. Eu diria que nem é bem uma solução, basicamente estão a fazer uma recomendação que as pessoas se dirijam à assembleia de voto apenas entre as 18h e as 19h, dizendo que não têm qualquer forma de impedir a sua movimentação. O que devia ter sido feito era agilizar uma forma mais concreta do voto ao domicílio”, afirmou o médico, à Record TV.

Para o médico de Saúde Pública, a partir de agora, vão existir mais pessoas a recusar cumprir o período de isolamento.

“Aqui abre um precedente que torna muito difícil que algum de nós, médico de saúde pública no local, vá impedir o cidadão de sair do seu confinamento para, por exemplo, ir a um funeral. Como é que eu agora tenho autoridade para dizer a um cidadão: ‘Você agora não vai sair de casa para ir ao funeral de um familiar direto porque está em isolamento’. Depois desta situação perdemos qualquer margem de intervenção. Esta decisão acaba por ser uma desconsideração pelos sacrifícios que tantos portugueses fizeram ao longo destes dois anos e que tantos profissionais de saúde”, acrescentou Tato Borges.

No entanto, durante o Conselho de Ministros, Francisca Van Dunem disse que o histórico do comportamento exemplar dos portugueses é uma garantia para o Governo de que vão cumprir as recomendações no dia da eleições. 

Quanto à participação nas eleições, os médicos de saúde pública recomendam que seja feita com recurso ao voto antecipado.

Já quanto aos eleitores que estão em confinamento, Gustavo Tato Borges pede que cumpram o horário recomendado e que utilizem máscaras FFP2.