“O Canta Comigo é uma escola”, diz Helleno, campeão da quinta temporada

O Canta Comigo é uma escola, diz Helleno, campeão da quinta temporada
Record TV

“Se souberes entender os sinais e estar presente para captá-los e usá-los a teu favor, podes chegar muito longe”, comenta.

A grande final do Canta Comigo aconteceu na tarde de domingo, 25/06. Helleno, paulistano, de 31 anos, consagrou-se o campeão da 5ª edição do reality show musical, após conseguir 51,39% dos votos pelo R7.com. Quinze participantes subiram ao palco para tentar conquistar o painel de jurados. Mas apenas Helleno, Samuca e Saulo Soul chegaram ao Top 3 da competição.

Com o estilo musical influenciado pelo rock and roll e heavy metal, Helleno apostou em grandes referências dos anos 1980 na sua trajetória no programa. Ele acabou por ficar fora do pódio do programa na sua primeira apresentação, mas na repescagem, ele teve a oportunidade de voltar ao palco do ‘Canta Comigo’ de forma triunfante, com feitos jamais vistos antes, como levar o jurado Robson Moura a lágrimas e conquistar o coração de todos os outros.

Depois de uma disputa extremamente renhida com os outros dois finalistas, Helleno, que apostou no hit “Dream On”, da banda norte-americana Aerosmith, emocionou os 100 jurados do programa e levou para casa o troféu desta edição e o prêmio de quase 57 000 euros.

Na entrevista abaixo, Helleno contou como foi participar no programa, ser eliminado, voltar na repescagem e consagrar-se o grande campeão da 5ª edição do ‘Canta Comigo’.

Helleno, a realidade já assentou? Como é ser o campeão da 5ª temporada do ‘Canta Comigo’?

Ainda não, mas eu posso dizer que o sentimento mais forte que tive foi de alívio e gratidão pelo processo. Quando entrei no programa, não tinha noção de onde eu poderia chegar e não tinha expectativa alguma, no entanto, aos poucos fui passando pelas etapas com o êxito e comecei a sonhar com o prêmio e a ansiedade acabou por aumentar também, eu senti-me aliviado, porque foram 2 longos meses sem ter nenhum tipo de informação privilegiada sobre o programa. Eu estava às cegas e, assim como o público, vibrei de verdade quando veio o resultado. Olhando para minha trajetória, eu participei em todas as etapas, fui conquistando o meu espaço. Foi preciso muita paciência e realmente acreditar para seguir com esta jornada. Ser campeão do programa ‘Canta Comigo’ é muita coisa, mas é também um sentimento em que olho para mim e sei o quanto batalhei por algo e dizer é possível, eu estou a viver isto e, sim, é real.

Como foi passar por altos e baixos, desde uma eliminação até tornar-se campeão?

Eu digo que não é nada fácil, mas de alguma forma ter passado por tudo o que passei na arte e na vida criou dentro de mim um certo senso de agradecimento dentro de expectativas reais que criei, “pé no chão” por tudo o que posso conquistar. Eu tive apoio da minha família e dos meus amigos, que não me deixaram esquecer a batalha diária na música e o quão íntegro eu sempre fui nas minhas escolhas. Não me deixaram, nem por um minuto sequer, esquecer que eu tinha chances de ficar aquele prêmio e, se por acaso não levasse, estava tudo bem, zero obrigações, muito agradecido pela oportunidade. Reconheço, é grande o privilégio poder contar com esse tipo de apoio, razão de ficar tão grato.

O que acha que foi essencial para a sua volta na repescagem?

Eu digo que aquele painel com 100 jurados não é um painel qualquer, são 100 artistas amantes da música. São grandes produtores e reprodutores de arte, com um olhar muito apurado e numa posição de muita responsabilidade. Trabalhar com sonhos é muito delicado. O que pode ter definido a minha volta na repescagem foi o olhar deles para mim de ‘Não vimos tudo, queremos mais, porque sabemos que existe mais’.

Qual foi a sensação de levantar 100 jurados por dois domingos consecutivos?

Senti que eu estava a fazer alguma coisa certa, eu ainda não consigo descrever o que era, mas sei que tinha a ver com emoção e com entrega. A pontuação máxima diz muito sobre a nossa performance. O ‘Canta Comigo’ é uma escola, se souberes entender os sinais e estar presente para captá-los e usá-los a teu favor, podes chegar muito longe, no caso, muito perto da conquista final. Receber o 100 dos jurados é uma boa dose de antídoto nas veias das inseguranças mais íntimas, aquelas que luto diariamente.

E depois disso, acha que lhe deu mais confiança ou que já estava mais próximo de ganhar? Porque já tinha conquistado os jurados, mas ainda faltava a decisão do público.

Eu sinto que o público tem muito respeito pelo grupo de jurados, eles também funcionam como uma espécie de canal quando descrevem os detalhes técnicos ou mesmo quando se emocionam e comunicam a sua conexão com as apresentações. Tem grande influência na decisão do público. As redes sociais têm um papel fundamental também como uma extensão do programa, um termômetro sobre os candidatos de maior identificação. Sem dúvida, receber o carinho do público é a dose de fé, começas a ouvir as pessoas a falar que fizeste uma boa escolha de repertório, que a tua roupa estava linda, que a tua voz emocionou, que aquela canção lembra alguém muito especial, que a família que há muitos anos não se emocionava, que não se reunia, agora está a reunir se aos domingos para assistir o programa e vibrar por ti e contigo.

Quem são suas maiores inspirações?

Na vida, a minha família, a minha mãe, o meu pai, a minha irmã, o meu cunhado, os meus amigos sonhadores, todos aqueles que acreditam, que não desistem, que sonham, que realizam, que regam as sementes nos corações de todos que se permitem sonhar. Já na música, vai de Caetano Veloso a Iron Maiden, são muitas fases, amo músicas que me fazem refletir, amo descobrir sentimentos através das canções. Maria Bethânia é a rainha disso, sou fã de Liniker, Letrux, Luedji Luna, Gal Costa, da nova música brasileira sem regras! Criativa, poética, pulsante, nadando contra a maré de estruturas padrão, repetitivas, mecânicas. Gosto do inesperado, do ar fresco sonoro da música sem amarras.

O que pode o público esperar do seu próximo trabalho?

Eu tive a grandiosa oportunidade de prestar homenagens a grandes clássicos da música internacional que, por muito tempo, cultivei e alimentei em mim. O ‘Canta Comigo’ foi um espetáculo, sinto que preparei um repertório com esse espetáculo em mente. Eu tenho um projeto que se chama ‘Helleno & Os Universais’. Antes mesmo do programa, idealizei o projeto e, por causa da situação financeira precária, não pude registrar o meu primeiro álbum dessa fase musical. Mas não quis esperar. Comecei a tocar as canções nos espetáculos e o pouco público que começou a surgir ficou encantado com nossas músicas. Esse projeto são canções de minha autoria que tenho orgulho, porque trazem o meu olhar para uma série de vivências e pontos de vista que descrevo nas letras. Estas músicas são cantadas em português e eu mal posso esperar para que todos possam ouvir.

O que podemos esperar do Helleno no futuro? Já sabe o que vai fazer com o prêmio?

Eu conheci muita gente maravilhosa nesses quase quinze anos de batalha na arte no Brasil, muita gente que olhou-me nos olhos e disse ‘Se eu tivesse dinheiro eu faria um investimento em ti’. Eu senti muita verdade em várias dessas pessoas! Hoje eu farei o que muitas delas gostariam, mas não tiveram essa oportunidade. Eu nasci na periferia da zona sul de São Paulo, o meu pai foi porteiro por vinte e cinco anos e aposentou-se. A minha mãe trabalhou como empregada doméstica, era semianalfabeta, veio para São Paulo vinda do Ceará com quinze anos. O meu pai chegou em São Paulo também aos quinze, vindo de Pernambuco. Os dois chegaram aqui para tentar a vida na “terra das oportunidades”, nada foi fácil, mas sempre fomos unidos. Hoje eu vou investir em mim, quero estudar línguas, continuar a estudar canto, porque amo fazê-lo. Quero montar um estúdio para ser o meu espaço de criação, quero conhecer outros estúdios, outros compositores, produzir muita arte, gravar o meu primeiro álbum, que já tem músicas e nome, fazer espetáculos em todos os lugares que eu puder e que me quiserem. Aliás, para quem é de São Paulo, faço espetáculo no domingo, dia 23 de julho, no Vale do Anhangabaú. Quero continuar o meu chamamento aqui nesta vida de matéria, que é a música, e continuar eternamente a fazer quem quiser tocar, cantar comigo.