Aumento esperado de casos de sarampo na Europa exige elevada cobertura vacinal

Número de casos de sarampo sobe para 14 em Portugal

Em dois países foram registadas sete mortes.

Os casos de sarampo devem continuar a aumentar nos próximos meses em países da União Europeia/Espaço Económico Europeu (UE/EEE) devido à insuficiente cobertura vacinal, indica um relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) divulgado hoje.

Na análise “Sarampo em ascensão na UE/EEE: Considerações para a resposta de saúde pública” refere-se que, além da insuficiente vacinação contra a doença, o aumento dever-se-á à “elevada probabilidade de importação de áreas com elevada circulação” do vírus e “ao facto de os próximos meses representarem o pico sazonal” do mesmo, segundo um comunicado do ECDC.

Os dados do centro europeu mostram que, em janeiro e início de fevereiro, aumentou o número de países da União Europeia/Espaço Económico Europeu onde os casos cresceram e que em dois países foram registadas sete mortes.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informou na quinta-feira sobre um novo caso de sarampo, tendo sido confirmados oito desde o dia 11 de janeiro.

“Ninguém deveria morrer de sarampo. O aumento dos casos de sarampo, uma doença altamente contagiosa, mas evitável por vacinação, é uma chamada de atenção clara para o facto de que todos os Estados-Membros devem maximizar os esforços para alcançar e manter uma elevada cobertura vacinal para todas as doenças evitáveis por vacinação. As vacinas são uma forma segura e eficaz para reduzir o impacto das doenças infecciosas na saúde e evitar perdas desnecessárias de vidas”, afirma Andrea Ammon, diretora do ECDC.

A agência europeia recorda no comunicado que o sarampo representa uma ameaça para todos, pelo que é importante “manter uma elevada cobertura vacinal em toda a população, ainda que o seu impacto potencial mais alto, devido “à elevada morbilidade após a infeção”, seja nos bebés que ainda não puderam ser vacinados.

As crianças com menos de cinco anos não vacinadas também correm mais riscos, dado que o sarampo pode ter diversas complicações nesta faixa etária, e outros grupos, como os imunocomprometidos, correm o risco de consequências graves devido a doença.

Para a comissária europeia responsável pela Saúde e Segurança Alimentar, “a tendência crescente de casos de sarampo em toda a Europa é preocupante”, tratando-se de “uma doença extremamente contagiosa que pode causar complicações graves, especialmente em crianças e pessoas vulneráveis”.

“A boa notícia é que se trata de uma doença que pode ser prevenida através da vacinação e que existem muitas vacinas seguras e eficazes disponíveis na UE. Quando vemos surtos de sarampo, sabemos que há uma lacuna na vacinação”, adiantou Stella Kyriakides, apelando às pessoas para verificarem se estão ou não vacinadas e aos pais para se certificarem de que os filhos têm as vacinas em dia.

“A vacinação protege e salva vidas, é uma das nossas ferramentas mais fortes contra o sarampo e muitas outras doenças infecciosas”, disse ainda, citada no comunicado.

Assim, o ECDC pede às autoridades de saúde pública da UE/EEE para se concentrarem em corrigir as falhas de imunidade e atingirem uma alta cobertura vacinal contra a doença, numa vigilância eficaz e na capacidade adequada ao nível da saúde pública para a deteção precoce e a resposta e controlo de surtos a nível local, regional e nacional.

“Aumentar a consciencialização clínica dos profissionais de saúde para o diagnóstico imediato do sarampo” e “promover a aceitação” da vacina pela população são outros dos conselhos da agência europeia.