Biden e Trump vencem no Michigan

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Principais candidatos dos democratas e dos republicanos continuam a somar vitórias. Porém, nem tudo são rosas.

O Presidente dos EUA e recandidato democrata, Joe Biden e o ex-Presidente republicano Donald Trump venceram facilmente as primárias presidenciais do Michigan na terça-feira, mas ambos saíram com sinais de preocupação.

Biden venceu facilmente as primárias democratas (com 81%), mas surgiram mais de cem mil boletins de voto (13%) em que os eleitores optaram pela possibilidade de escolha da opção “não comprometido” (que quer dizer que o eleitor não está confortável com nenhum dos candidatos no boletim de voto), que os analistas consideram ter sido uma forma de protesto contra a forma como o Presidente tem apoiado a causa israelita no conflito no Médio Oriente.

Do lado republicano, Trump voltou a ganhar (com 68%) mais umas primárias (até agora, saiu sempre vencedor), mas o bom resultado (27%) da única adversária, a ex-embaixadora Nikki Haley, revelou que o ex-Presidente continua a ter vulnerabilidades, apesar do controlo que demonstra ter dentro do seu partido.

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Donald Trump, o ex-Presidente dos EUA é, para já, o candidato mais forte dos republicanos | © REUTERS

Nas últimas semanas, ativistas do Partido Democrata da comunidade árabe nos Estados Unidos lançaram uma campanha para que os eleitores optassem por colocar a cruz nos boletins de voto na opção de “não comprometido”, como forma de protesto pelo posicionamento da Casa Branca face ao regime israelita, que lançou uma poderosa campanha militar contra o grupo islamita Hamas, no enclave de Gaza.

Estes ativistas – em particular os que se organizaram em volta do movimento Ouçam Michigan – declararam hoje vitória, depois de saberem que os boletins de voto com a opção “não comprometido” tinham ultrapassado a fasquia dos cem mil, ficando muito acima dos dois adversários de Biden, Marianne Williamson (3,1%) e Dean Phillips (2,7%).

“O nosso movimento saiu vencedor e ultrapassou em muito as nossas expectativas”, disse a diretora de campanha do Ouçam Michigan, Laila Elabed, num comunicado citado pelos media norte-americanos.

O movimento da numerosa comunidade árabe no estado de Michigan defende que não quer uma nova presidência de Trump, mas alega que Biden colocou os interesses do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, à frente dos interesses dos Estados Unidos.

A candidatura de Biden já desvalorizou este resultado, lembrando que em outras eleições primárias no Michigan tem havido uma média de 20 mil boletins de voto com a declaração de “não comprometido”, ao mesmo tempo que asseguram que Biden continua a ter o apoio maioritário do seu partido.

Os conselheiros do Presidente invocam mesmo depoimentos de pessoas que escolheram a opção “não comprometido” nas primárias do Michigan, mas que dizem não ter dúvidas de que votarão em Biden nas eleições presidenciais de novembro, contra o mais que provável candidato republicano Donald Trump.

No campo republicano, Nikki Haley declarou-se muito entusiasmada com o resultado de 27%, interpretando esse valor como “um sinal de alerta para Trump em novembro”.

Por seu lado, Trump desvalorizou o resultado da ex-embaixadora e mostrou-se seguro da hegemonia que continua a demonstrar no seu partido, depois de ter vencido todas as primárias realizadas até este momento e com as sondagens a indicarem que não terá dificuldade em superar o desafio da Super-Terça-Feira, na próxima semana, quando 15 estados vão a votos.

“Vou ganhar em novembro e vou ganhar com muita vantagem. Vou ganhar com uma diferença que nunca ninguém viu. Vai ser fantástico!”, disse Trump em declarações aos jornalistas, depois de ser conhecido o resultado oficioso das primárias do Michigan.

Contudo, vários analistas consideram que o simples facto de Haley se manter na corrida das primárias e continuar a angariar apoio financeiro para a sua campanha revela que o Partido Democrata quer ter outras opções em aberto, nomeadamente para o cenário de um dos processos judiciais em que Trump está envolvido revelar uma surpresa que possa prejudicar a ambição de recuperar a Casa Branca.