Médicos Sem Fronteiras alertam para mais mortes na Cisjordânia

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© Reuters

Em conferência de imprensa, o responsável da organização humanitária denunciou que os soldados israelitas quando disparam não é para ferir, mas sim para matar.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirmou hoje que está a aumentar o número de mortos e feridos palestinianos na Cisjordânia ocupada devido à forma como o Exército israelita e os colonos estão a atuar no conflito.

O presidente internacional desta organização não-governamental, Christos Christou, recentemente regressado da Cisjordânia, explicou que desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 7 de outubro, houve uma “mudança clara” no tipo de lesões observadas pelos profissionais nos hospitais deste território palestiniano ocupado.

“O tipo de trauma que enfrentam mudou completamente”, explicou Christou, durante uma conferência de imprensa, em Genebra.

“Antigamente, o mecanismo de disparo era diferente. Disparavam para os membros. Agora, em vez de terem ferimentos nos membros, as vítimas têm ferimentos de bala no abdómen, tronco e cabeça”, indicou Christou, destacando que esta mudança de comportamento está a provocar mais mortes.

Tal como a ONU já o tinha feito, Christou apelou à comunidade internacional para prestar maior atenção ao que está a acontecer na Cisjordânia.

Os confrontos recomeçaram naquela região ocupada desde o início da guerra de Israel contra o Hamas, depois de o grupo islamita ter lançado um ataque sem precedentes em território israelita, que provocou 1 200 mortos, principalmente civis, e mais de 240 reféns, segundo as autoridades israelitas.

A Autoridade Palestina afirma que o fogo israelita e os ataques de colonos na Cisjordânia – ocupada por Israel desde 1967 – mataram mais de 250 palestinianos desde 7 de outubro.

Durante uma incursão militar no campo de refugiados de Jenin, testemunhada por Christou, as ambulâncias foram impedidas de chegar aos pacientes e a entrada do hospital foi bloqueada pelas forças armadas israelitas.

Christou também insistiu nos riscos dos traumas psicológicos, alegando que têm sido subestimados no seu efeito sobre as vítimas. “Há um enorme trauma psicológico que penso que não levará apenas anos, mas gerações, para ser ultrapassado”, disse o presidente da ONG.