Secretário-geral da ONU falou na necessidade de “esperança e ação” em clara referência à crise alimentar gerada pela guerra na Ucrânia.
O conflito na Ucrânia representa “riscos para a paz e a segurança globais” referiu esta tarde António Guterres no discurso de abertura da 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas.
Num discurso que teve como pano de fundo o conflito na Ucrânia e as suas consequências globais, o secretário-geral da ONU lembrou os riscos globais da guerra e a necessidade de alcançar um acordo de paz.
“A luta custou milhares de vidas. Milhões foram deslocados. Milhares de milhões em todo o mundo foram afetados. Estamos a ver a ameaça de divisões perigosas entre o ocidente e o sul. Os riscos para a paz e a segurança globais são imensos. Devemos continuar a trabalhar pela paz de acordo com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional”, apelou
António Guterres lembrou os sinais de esperança alcançados com o acordo para a exportação de cereais assinado entre Rússia e Ucrânia na Turquia, que veio atenuar uma crise alimentar global.
“A Ucrânia e a Federação Russa – com o apoio da Turquia – convergiram para que isso acontecesse, apesar das enormes complexidades, dos opositores e até do inferno da guerra. Alguns podem chamar isto de milagre no mar. Na verdade, é a diplomacia multilateral em ação”, afirmou António Guterres.
António Guterres tem sido uma das vozes mais sonantes a lembrar a crise alimentar global e a escassez de alimentos, alertando que “esperança e ação” são necessários para resolver um problema de “distribuição”.
“Este ano, o mundo tem comida suficiente, o problema é a distribuição. Mas se o mercado de fertilizantes não estiver estabilizado, o problema do próximo ano pode ser o próprio abastecimento de alimentos. (…) É essencial continuar a remover todos os obstáculos remanescentes à exportação de fertilizantes russos e seus ingredientes, incluindo amoníaco”, explicou.
Apesar de mencionar o conflito na Ucrânia e enunciar os seus efeitos nefastos, António Guterres não condenou de forma direta as ações russas. O secretário-geral das Nações Unidas participará numa reunião do Conselho de Segurança sobre a guerra durante o dia de amanhã, evento no qual deverá fazer uma declaração mais incisiva e direta sobre o conflito.