BE defende que MP deve esclarecer razões para inquérito a Costa

TAP: Mariana Mortágua substituída por Pedro Filipe Soares na comissão de inquérito
LUSA/ Tiago Petinga

O Presidente da República está hoje a ouvir os oito partidos com assento parlamentar, antes de auscultar na quinta-feira o Conselho de Estado, para uma eventual dissolução do parlamento.

A coordenadora do BE defendeu hoje que o Ministério Público deve esclarecer as razões para a abertura de um inquérito a António Costa, apelando a que a investigação seja célere, e voltou a pedir a convocação de eleições antecipadas.

“Pela gravidade das suspeitas, é importante que o Ministério Público (MP) esclareça as razões que levaram à abertura deste inquérito, bem como à sua divulgação, e que a investigação que houver se faça da forma mais célere possível”, declarou Mariana Mortágua.

A coordenadora do BE falava em declarações aos jornalistas no Palácio do Belém, onde o Presidente da República está hoje a ouvir os oito partidos com assento parlamentar para uma eventual dissolução do parlamento, após a demissão na terça-feira do primeiro-ministro.

Mariana Mortágua sublinhou que as investigações judiciais “dizem respeito a grandes projetos económicos” e indicou que o BE “tem sido muito crítico destes projetos económicos politicamente, mas também da proximidade que sempre existiu entre política e interesses económicos”.

“Por isso, levamos muito a sério as investigações que têm de ser feitas, e o que houver para investigar, deve ser investigado, seja quais forem as consequências. É isso que se espera de uma democracia”, sublinhou.

No entanto, a coordenadora do BE manifestou uma “grande preocupação” com as suspeitas levantadas pelo MP e considerou importante que, “para o bom funcionamento da democracia”, toda a situação “seja clarificada”, tendo em conta que diz respeito a uma “alta figura do Estado”.

Abordando os possíveis cenários após a demissão de António Costa, a coordenadora do BE reiterou a sua preferência “pela convocação de eleições antecipadas”, defendendo que crises políticas como a atual só se resolvem indo a votos.

“Qualquer outra alternativa significa arrastar uma situação que é insustentável e que não trará nenhuma clarificação, nem nada de bom para aquilo que importa para o país, que são soluções concretas”, defendeu.

O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na terça-feira a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.

Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.