CML acata ordem de retirada de cartazes mas irá contestar

Cml Acata Ordem De Retirada De Cartazes Mas Ira Contestar

Em causa estão queixas recebidas pela Comissão Nacional de Eleições, por se considerar que a autarquia violou a lei eleitoral.

A Câmara de Lisboa vai acatar a ordem da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de retirada de cartazes sobre medidas do município na área da habitação após queixas sobre violação da lei eleitoral, mas irá contestar a deliberação.

Em causa estão queixas recebidas pela CNE contra a Câmara Municipal de Lisboa (CML), por se considerar que a autarquia violou a lei eleitoral ao ter feito publicidade institucional durante o período da campanha das eleições legislativas, com cartazes relativos às medidas implementadas pelo município na área da habitação, relativamente ao apoio às rendas e à reabilitação de fogos devolutos. Em resposta à agência Lusa, a CML adiantou que “a informação referida pela CNE foi colocada em dezembro do ano passado e não em qualquer período eleitoral”.

“Essa informação é o resultado do extraordinário trabalho das equipas e serviços municipais na capacidade de reabilitação de imóveis que não se encontravam a uso e que foram recuperados e disponibilizados como habitação municipal, bem como na atribuição de apoios ao arrendamento, ajudando muitas famílias a conseguirem ter um lar e condições para os seus filhos”, indicou a CML, presidida por Carlos Moedas (PSD).

Na perspetiva da autarquia, os cartazes em causa são “um ato de prestação de contas, transparência e informação para com os munícipes, numa área fundamental e reconhecidamente tão difícil como é o acesso à habitação na cidade de Lisboa”.

Neste sentido, a interpretação da CML é que “esta mera informação institucional não se enquadra no âmbito da publicidade pública, revestindo-se apenas de um caráter meramente ordinário e declarativo”, considerando que não está abrangida pela proibição constante da legislação relativa à realização de campanha eleitoral.

“De qualquer forma, e de acordo com o solicitado pela CNE com base em denúncias anónimas, a CML pediu para a empresa responsável dar início ao processo de retirada dos cartazes”, acrescentou a autarquia.

Contudo, apesar de cumprir com o pedido de retirada dos cartazes no prazo de 24 horas, “a CML irá contestar a posição e interpretação da CNE”.

A agência Lusa solicitou à CNE mais informação sobre esse assunto, aguardando ainda resposta.

As eleições legislativas ocorrem este domingo, 10 de março, tendo a campanha eleitoral arrancado em 25 de fevereiro.

A atual legislatura, que terminaria apenas em 2026, foi interrompida na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa (PS), em 07 de novembro, após ter sido tornado público que era alvo de um inquérito judicial instaurado pelo Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça a partir da Operação Influencer.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro e dois dias depois anunciou ao país a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

São 19 o total de forças políticas a concorrer nestas eleições legislativas, designadamente PS, Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), PAN, Livre, Nós, Cidadãos!, Alternativa 21 (MPT/Aliança), ADN, PTP, RIR, JPP, Ergue-te, MAS, Nova Direita, Volt Portugal e PCTP/MRPP.