Gente com Bom Interior – Cabeleireiro Vista Ideal

No Gente com Bom Interior desta semana vamos conhecer o Cabeleireiro Vista Ideal.

Um projeto solidário no Hospital de Santarém, que ajuda os doentes a sentirem-se mais animados.

Transcrição

“Mafalda, está aqui uma senhora que quer fazer os pés.
Esta senhora quer pés.
Ei, vem agora já.”

Chamo-me Alzira Tagarro. Fui funcionária desta casa há mais de 40 anos. Trabalhava no laboratório, sou licenciada em farmácia com especialidade em análises clínicas. 

“As unhas têm de ser cortadas. Se elas estiverem grandes, são foco de infeção.”

Fiquei muito admirada quando telefonaram para casa para se fazer um voluntariado do hospital, propriamente dito.
Eu vim cá, saber como era, aceitei este desafio e fizemos uma grande equipe. Acho que temos aqui uma família extraordinária.

Temos aqui uma família, tenho conhecido pessoas fabulosas, pessoas extraordinárias que têm ajudado muitíssimo. Tanto aqui na frente, do combate, como na retaguarda.

O cabeleireiro abriu em novembro.
Começámos a ver como é que iria ser este cabeleireiro, como é que iria ser isto tudo.
E começou-se a apontar porque levou muito tempo a montar isto tudo
e até considerar esta ação.
Depois, começámos e agora já temos cabeleireira todos os dias, esteticista temos só duas. 

Podem vir arranjar o cabelo e levar a cabeça todas as vezes que quiserem,
desde que não haja outras que não têm nada, como é lógico. Porque está sempre a entrar pessoas cá para cima, pessoas que entram na urgência e que depois vêm para o internamento.
Portanto, claro que a prioridade são essas, porque aparecem muitas pessoas a precisar de arranjar o cabelo, cortar e arranjar as unhas também, das mãos e dos pés, e essa é a prioridade em relação àqueles que já fizeram a uma vez.

“Cortou o cabelo, ela tinha o cabelo muito comprido, cortou o cabelo e agora, hoje, vem arranjar o cabelo outra vez.
E as unhas, e as unhas, não é Marisa?
Já estão muito grandes.
Para estar aqui na cama ou aqui no internamento é mais fácil ter o cabelo mais curto.
Aquela senhora tinha o cabelo todo enrolado, portanto agora ficou muito mais fácil de pentear ou até agarrar.”

Há pessoas que dão o tempo que têm, claro, temos um barbeiro também que vem uma vez por mês, despacha aí cabelos e barbas sem fim de homens, e temos outro senhor que é barbeiro e cabeleireiro.
Tentamos coordenar, fazer uma enfermaria ou duas por dia para que darmos cobertura ao hospital todo, até a baixo.
Depois, na outra semana, recomeçamos outra vez.

“Olhe, comprei a pensar em si, olhe.”

Vive dos donativos, felizmente temos tido muitos donativos.
Compramos muito pouca coisa, porque a maior parte dos produtos foram todos dados, só faltou aqueles pormenores.
Fazemos sócios pagando um euro por mês, pelo menos, claro, um euro por mês e se dá algum dinheiro para dar cobertura a tudo, pronto, porque isto é despesa imensa.

“Já posso morrer tranquila?
Não, não, isto não é para morrer.
Não, é para ficar mais bonita e viver muito.”

Acho que tem sido um sucesso, porque vamos aos doentes aqui, número 1 é aos doentes, sempre aos doentes, é por isso que isto foi criado, é para os doentes.

Como uma senhora que a Dona Eduarda lá tem agora em baixo, ela não queria, não queria, mas agora já quer.

Pronto a Dona Eduarda, com a sua meiguice, lá teve a falar que ela ia ficar mais bonita e temos aqui produtos muito bons e que ela ia ficar muito bem, dá autoestima, porque as pessoas às vezes estão ali, longe do mundo, sabe? Não querem nada.
E às vezes é uma questão de falar com elas e convencer elas que realmente elas vão ficar melhor e a nossa intenção é dar autoestima ao doente e ajudar o doente a sair do seu espaço e mesmo quando vamos à cama
é dar autoestima à pessoa e confiança e alguma alegria e alguma forma de estar aqui um bocadinho mais fácil de tornar a estadia no hospital um bocadinho mais fácil.

Fala Portugal – segunda a sexta, 19:15 (hora Lisboa/Londres)