Gente com bom Interior: O pastor mais jovem do país

Edgar Pinto tem 19 anos e sempre teve o sonho de ser pastor.

No Gente com bom Interior desta semana, viajamos até Lagares da Beira, perto de Oliveira do Hospital, para conhecer o pastor mais jovem do país.

Edgar Pinto tem 19 anos e sempre teve o sonho de ser pastor.

O jovem desistiu da escola para se dedicar apenas à vida no campo, a cuidar do rebanho de ovelhas.

Fala Portugal – segunda a sexta, 19:15 (hora Lisboa/Londres)

Transcrição

No Gente Com Boa Interior desta semana, viajamos até Lagares da Beira, perto de Oliveira do Hospital, para conhecer o pastor mais jovem do país. 

Edgar Pinto tem de 9 anos e sempre teve o sonho de ser pastor.
O jovem desistiu da escola para se dedicar apenas à vida no campo a cuidar do rebanho de ovelhas. 

“Agora, isto agora. Tenho de pôr isto na cabeça.
Desfazer este nó.
Espera aí, tu ficas cá. Tu ficas cá porque não consegues andar.
Casaco, boina, saco de almoço, chapéu de chuva e vamos nós para mais um dia.”

Sou o Edgar, tenho 19 anos, vivo em Lagares da Beira, Oliveira do Hospital e sou pastor.
O meu fascínio pelas ovelhas começou quando eu era pequenino, eu era uma criancinha e via os rabanhos a pastarem nos prados e andarem nas ruas atrás das pessoas, dos pastores e foi daí que começou.
Quando eu era pequenino, eu via os meus amigos pedirem cães, gatos, peixes, às vezes até ratos de companhia aos pais e eu acho que só pedi uma vez um cão e daí para a frente sempre pedi ovelhas.
Sempre que eles me perguntavam, o que é queres? Eu sempre disse que era uma ovelha.
Até aos meus 6, 7 anos, quando o meu pai me ofereceu a primeira ovelha.
Eu não estava nada à espera. Eu cheguei um dia da escola e ele disse-me que tinha uma surpresa para ti. Então, quando depois ele me veio buscar eu vi aquilo e eu fiquei muito contente.

“Só os calçados da bucha, tenho que comer qualquer coisa, estou com a fome.”

Um belo dia, eu cheguei da escola, fui ver a ovelha e vi que a ovelha não estava lá.
Perguntei à minha mãe, onde é que está a ovelha?
Ela disse que estava sozinha, sentia-se triste, foi à mãe.
Passado um tempo, vim descobrir que fizeram uma chanfanada com ela.

Nunca imaginei ter outra profissão, até porque desde pequeno eu sempre fui apaixonado por isto.
As primeiras fichas que eu fazia de trabalhos na escola, quando perguntavam o que eu queria ser, eu sempre respondia que queria ser pastor.

Meus pais me apoiam, tanto o meu pai quanto a minha mãe me apoiam.
É assim, os meus pais apoiam-me. Por vezes dizem que sou um pouco maluco, mas isso até eu próprio sei que sou.
Não é qualquer um que se agarra assim ao rebanho e que anda aí no meio da estrada com elas, que têm disposição à cabeça, às vezes, para se levantar todos os dias, para ir para o pé delas, porque parecendo que não, é um trabalho que não temos feriados ao fim de semanas. Temos que andar com elas todos os dias.

Ao todo são estas 32, mais os três carneiros, 35, mais três borregas, são 38, por aí assim.
Vou comprando aos pouquinhos para ir aumentando a rebanho.
Ou então vou criando as borregas, desde que vão nascendo, vamos ir-se criando para aumentar.

“Afinal era a cadela.”

Ganhar dinheiro com isto não é para ganhar, mas é uma coisa relativamente pouca. É uma atividade que o lucro dela não é para nós pastores. O lucro desta atividade é mais para as queijarias, para pessoas que não lidem todos os dias com elas, porque nós vamos com chuva, vamos com calor, vamos com frio, vamos com vento e depois acabam por nos pagar o leite relativamente barato. Não é aquele valor que possamos dizer que compensa como uma atividade lucrativa.
É minha paz andar com elas.