Mãe de Jéssica detida pela Polícia Judiciária

Caso Jéssica: Arguidos condenados a pena máxima
D.R.

Elementos probatórios levaram a PJ a deter mãe da menina de 3 anos, morta em Setúbal. Recorde a história da morte trágica da criança.

A Polícia Judiciária deteve esta manhã a mãe de Jéssica e um outro suspeito, um homem de 28 anos, filho da alegada ama de Jéssica a quem a menina estaria ao cuidado.

De acordo com aquela força policial, durante este espaço de tempo da investigação foram recolhidos elementos probatórios que permitiram indiciar” a mãe da criança e outro detido, “como parte, de algum modo, integrante dos factos” que determinaram a morte da menina de 3 anos.

Os dois suspeitos serão presentes a tribunal durante a tarde de hoje para conhecerem as medidas e coação. As duas estão indiciadas pelo crime de homicídio qualificado.

Jéssica morreu a 20 de junho de 2022 num quadro de alegados maus-tratos. A menina de 3 anos faleceu já no hospital, depois de ter entrado em paragem cardiorrespiratória. A menina apresentava vários hematomas em todo o corpo, não tendo resistido aos ferimentos.

A história de Jéssica iniciou com muitas dúvidas, com a Polícia Judiciária a entrar em campo, por suspeitas de maus-tratos continuados e prolongados.

Uma história com várias versões

As versões para os factos que levaram à morte da criança eram contraditórias.

Primeiro, a mãe terá dito que a criança caiu na escola. Depois surgiu a versão de que a menina estava ao cuidado de uma ama e que foi entregue à mãe já ferida. A mulher, conhecida por Tita, alegava que a menina tinha caído de uma cadeira.

Mais tarde soube-se que a menina esteve refém da alegada ama e do marido, durante cinco dias, período no qual terá sofrido, de forma repetida, maus-tratos e violência.

A menina terá morrido à mercê de uma dívida da mãe. Um ato de bruxaria que Inês encomendou para que Paulo Agostinho, o atual namorado, não se afastasse dela, no valor de 400 euros. A alegada bruxa e ama de Jéssica não admitiu a falta de pagamento e acabou por desenhar um plano de sequestro para encurralar a mãe da menina.

O casal de 52 e 58 anos e a filha de 27 anos terá agredido a pequena Jéssica de forma brutal, à vez, durante cinco dias para que a mãe da menina saldasse a dívida.

Nos últimos momentos de vida, acabaria por exigir que Inês fosse buscar a filha mas já nada havia a fazer pela menina.

Dois dias após a morte de Jéssica, a alegada ama, a mãe da menina e o padrasto foram interrogados pela Polícia Judiciária, que mais tarde anunciou a detenção de três pessoas: a alegada ama, o seu companheiro e a filha do caso. Em causa estavam as suspeitas de crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física grave, rapto e extorsão.

Nessa altura, a mãe e o padrasto da menina saíram em liberdade.

Jéssica já tinha sido sinalizada

Jéssica já estava sinalizada, tendo sido aberto em 2019 pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças, um processo de promoção e proteção da menina, que seguiu para o Ministério Público.

O quadro familiar da menina era complicado, nomeadamente a relação entre os pais biológicos, tendo existindo episódios de violência doméstica.

Depois de várias diligências por parte da Segurança Social, o caso da menina acabaria por ser arquivado em maio deste ano, depois de se ter verificado que o casal estaria separado, com o progenitor a trabalhar no estrangeiro, sem a existência do quadro de violência doméstica.

Jéssica morreu um mês depois.