Ministra vai reunir-se com agricultores de Macedo de Cavaleiros

Ministra Vai Reunir Se Com Agricultores De Macedo De Cavaleiros
Agricultores manifestam-se com tratores nas estradas de Estarreja, organizada pela União dos Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro e pela Confederação Nacional de Agricultores, pelo direito humano à alimentação adequada, por condições justas e pela valorização da atividade, em Estarreja, 02 de fevereiro de 2024. Em causa estão os cortes nos pagamentos aos agricultores no âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC). JOSÉ COELHO/LUSA

Agricultores estão a protestar em Macedo de Cavaleiros, tendo já causado o corte da A4.

Os agricultores que estão a protestar em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, tendo já causado o corte da A4, vão reunir-se hoje e segunda-feira com a ministra da Agricultura, disse fonte da organização.

Após este anúncio, a organização pediu aos manifestantes que desmobilizem “ordeiramente” e “seguindo as instruções das autoridades”.

“Vamos reunir com ela [referindo-se à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes] hoje ao meio-dia na Câmara de Macedo [de Cavaleiros] via ‘online’ e na segunda-feira à tarde temos reunião [presencial] marcada para as 16:00 também na Câmara de Macedo”, disse Armindo Lopes, da organização deste protesto.

Dirigindo-se às dezenas de agricultores que hoje, desde as primeiras horas da manhã, estão concentrados com máquinas agrícolas e tratores na A4, Armindo Lopes anunciou, cerca das 10:15, que o chefe de gabinete de Maria do Céu Antunes tinha entrado em contacto para marcar as reuniões.

“O chefe de gabinete queria que a reunião fosse em Mirandela, mas nós começámos isto em Macedo [de Cavaleiros], por isso vamos terminar em Macedo”, assinalou.

Perante a marcação da reunião, a organização decidiu pela desmobilização do protesto.

“Vamos desmobilizar. Pedimos que todos de forma ordeira desmobilizem. A manifestação correu bem. Viemos sozinhos e conseguimos uma reunião com a ministra”, disse Armindo Lopes.

Em resposta, os agricultores aplaudiram e ouviram-se frases como “a vitória é nossa”.

Dezenas de agricultores cortaram hoje autoestrada A4, entre os nós de Lamas e Amendoeira, nos dois sentidos.

As alternativas ao trânsito estão a ser feitas pelas estradas nacionais, nomeadamente pela EN15.

Os agricultores deslocaram tratores e máquinas agrícolas para a via e foi derrubada uma rede de vedação.

Fonte da GNR indicou à agência Lusa que foram já identificadas algumas pessoas.

Este protesto visa exigir à tutela que as garantias de que os apoios de 2023 serão pagos este mês e acontece quando, um pouco por toda a Europa, decorrem marchas lentas de agricultores a exigir medidas, nomeadamente o aumento das taxas de importação e a diminuição da burocracia.

Em Portugal, os agricultores do Norte exigem medidas especificas para a região, nomeadamente verbas adequadas a cada território e a implementação de torres antigranizo.

“Queremos que ela [referindo-se à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes] diga por escrito e bem sublinhado que os apoios de 2023 serão pagos até ao final do mês de fevereiro”, disse, ao início da manhã, Luís Reis, também da organização deste protesto.

O produtor de gado rejeitou a possibilidade dos apoios serem pagos “apenas em junho”, uma data que diz constar nos comunicados da tutela.

Também Manuel Batista, agricultor e produtor de pecuária em Mirandela, falou da sobrevivência do setor e dos desafios da região.

“Temos de nos manifestar. Trás-os-Montes tem agricultura e não pode ficar desertificado. E nós estamos cá para isso. Eu tenho idade, os meus filhos estão a estudar lá fora e não querem vir para cá, e isto não pode ser só paisagem. Queremos alguém que olhe para Trás-os-Montes de maneira diferente”, disse.

À Lusa, o agricultor apontou saber de colegas agricultores que “fizeram investimentos a contar com os pagamentos do ano passado e que, sem esse dinheiro, tiveram de recorrer a empréstimos”.

“Tinham pagamentos a fazer em janeiro e não conseguiram. Foram à banca. Ir à banca para um agricultor é asfixiá-lo. O Ministério da Agricultura está a fomentar isto e que se criem falências”, disse Manuel Batista.

Em Bragança, as marchas lentas que marcam a manhã decorrem no nó do IC5 e do IP2 entre Macedo de Cavaleiros e Carrazeda de Ansiães.

A organização estima que estejam concentrados cerca de 300 agricultores, de Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Alfândega da Fé, Vimioso, Bragança, Vinhais, Mogadouro e Valpaços, no distrito de Vila Real em vários pontos de protesto.