Pedro Nuno diz que PS não precisa de começar do zero ao contrário da direita

Pedro Nuno diz que PS não precisa de começar do zero ao contrário da direita

Líder do PS reafirmou o “orgulho no legado” destes oito anos de executivo socialista.

O líder eleito do PS, Pedro Nuno Santos, assegurou ontem que o partido não vai e não precisa de começar do zero o novo ciclo político, algo que a direita teria de fazer se ganhasse as eleições.

No discurso durante o jantar de Natal do grupo parlamentar do PS, que junta deputados, membros do Governo e dirigentes do partido, Pedro Nuno Santos reafirmou o “orgulho no legado” destes oito anos de executivo socialista, considerando que não será preciso contrariar nada do que foi feito, mas sim continuar o caminho que vinha a ser prosseguido.

“Não está tudo bem, nós somos os primeiros a assumi-lo e com propriedade podemos dizê-lo, mas nós também sabemos o seguinte: nós não vamos começar do zero, nós não precisamos de começar o zero. Nós temos que continuar o trabalho que foi iniciado e de concretizar muitas das sementes que foram lançadas”, disse.

Seja na habitação, na saúde ou nos outros temas aos quais assegura que o governo socialista deu prioridade, Pedro Nuno Santos assegurou que os socialistas “não começam a falar do zero”.

“Nós não começamos do zero, mas a direita teria que começar do zero se ganhasse as eleições. Teria que começar do zero porque eles não concordaram e não concordam com o caminho que nós percorremos”, defendeu.

O novo líder dos socialistas referiu que a direita não teria subido nem as pensões nem o salário mínimo nacional e teria deixado a habitação para o mercado.

“Em vez de um país para todos nós teríamos um país de vencidos e de vencedores, teria sido esse o legado que o PSD teria deixado ao país”, atirou.

A direita, de acordo com Pedro Nuno Santos, quer competir no “linguajar com a extrema-direita, com o Chega”.

“Hoje é pouco o que distingue do ponto de vista discursivo o líder do PSD do líder do Chega”, atirou.

Pedro Nuno Santos começou a sua intervenção por recordar que o ciclo de governação “muito importante para o país” com António Costa, que agora terminará, se iniciou em 2014, reiterando “o muito orgulho” em ter sido o primeiro presidente de federação nesse ano a declarar apoio público ao ainda primeiro-ministro para a liderança do PS.

“A dívida que este partido tem para consigo é infinita, é eterna”, disse, dirigindo-se a António Costa, recebendo uma longa ovação dos socialistas.

O líder eleito lembrou durante alguns minutos o período da geringonça, um tema que também serviu para elogiar António Costa que foi o primeiro líder do PS “que quis derrubar os muros com uma parte do sistema partidário” e rejeitou o “conceito de arco da governação”.

Assumindo que ele próprio teve muitas dúvidas que o acordo com PCP, BE e PEV fosse possível e que “muito poucos acreditavam”, Pedro Nuno Santos enfatizou que “foi sempre António Costa que foi dando confiança ao trabalho” que estava a ser feito.

O socialista recordou até um momento em que achou que as negociações estavam bloqueadas e, numa reunião na sede do PS, disse a Costa que via “aquilo mal parado”, mas quando descreveu a situação ao primeiro-ministro ele lhe disse “ah, correu muito bem”, considerando que era preciso que se habituasse “ao discurso e à forma como esse potencial parceiro trabalhava”.

“A ideia é de António Costa, é ele quem quis romper com um conceito de arco de governação e deve-se a ele o sucesso da governação”, elogiou.

Pedro Nuno Santos enfatizou que os anos da geringonça “foram muito importantes” para si e que o marcaram, guardando “as melhores memórias” da equipa que formava com António Costa e Mariana Vieira da Silva, considerando inequívoco que o país está melhor do que em 2015.