Pedro Nuno Santos: PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial

TAP: Pedro Nuno Santos ouvido na comissão de inquérito

Candidato à liderança do PS prometeu diálogo e concertação social.

O deputado socialista Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do PS, afirmou hoje que este partido não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial, num discurso em que prometeu diálogo e concertação social.

Perante centenas de militantes e simpatizantes socialistas, que encheram a sede nacional do PS, o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação prometeu que, se for eleito líder deste partido, terá uma ação caracterizada pelas apostas na concertação social e pelo diálogo.

Referiu-se em particular ao legado do ainda líder do partido e primeiro-ministro, António Costa, ao fim de quase oito anos de Governo, elogiando-o, mas também ao processo judicial que o envolve relacionado com negócios de lítio, hidrogénio e a instalação de um centro de dados em Sines.

Um ponto em que salientou a prioridade no combate à corrupção, a presunção da inocência, o respeito pela independência das magistraturas, e deixou o seguinte recado: “O PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial”.

“O nosso dever é preparar e defender uma política para o país. Ao longo dos próximos meses apresentaremos as nossas ideias, nas diversas áreas, para dar resposta aos problemas e anseios dos portugueses”, frisou, numa alusão ao futuro período de campanha para as eleições legislativas antecipadas de 10 de março.

O próprio António Costa, na última Comissão Política do PS, na quinta-feira, pediu ao seu partido para seguir em frente e não cair na armadilha de andar a criticar o Ministério Público.

No que respeita ao processo judicial que conduziu à demissão do primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos indicou que não ignora “o quanto os acontecimentos da passada semana abalaram as instituições da República e a sua credibilidade perante os cidadãos”.

“E sobre essa matéria entendo o seguinte: afirmar sem margem para quaisquer dúvidas que o combate à corrupção constitui uma tarefa prioritária e indeclinável do Estado; sublinhar a necessidade imperiosa de observância das regras do Estado de direito democrático, como a presunção da inocência e a independência do poder judicial”, completou.

Em relação a António Costa, de quem foi seu secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e ministro das Infraestruturas e da Habitação, lembrou que o apoiou no PS logo em 2014, quando o atual primeiro-ministro derrotou António José Seguro em eleições primárias nesta força política.

“Fi-lo em bom tempo. Tive a oportunidade de trabalhar com um dos melhores políticos portugueses que conheci. António Costa foi o líder que derrubou os muros erguidos entre o PS e os outros partidos da esquerda parlamentar, foi ele quem teve a iniciativa de desfazer o bloqueio que colocava o PS em desvantagem face a uma direita que se conseguia entender para governar”, disse.

Ainda sobre o legado de António Costa, assinalou que “foi líder que perante a catástrofe que se abateu em Portugal, aquando dos incêndios de 2017, liderou uma importante reforma do território, das florestas e da proteção civil que produziu resultados importantes nos anos seguintes” e “conduziu de forma exemplar o combate à crise pandémica” em 2020 e 2021.

“Foram anos em que Portugal cresceu acima da média europeia, em que colocámos o país numa trajetória sustentada de redução da dívida pública e onde voltámos a colocar o emprego em níveis que já não tínhamos desde o início do milénio”, considerou.

Ainda para não dar uma imagem de descolagem política face ao atual primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos procurou ainda definir qual foi o principal legado dos executivos liderados por António Costa.

“Usarei uma expressão do próprio para descrever o seu maior desígnio: emprego, emprego e emprego. Foram mais de 600 mil empregos criados desde que o PS assumiu funções no final de 2015. É verdade que ainda há muito por fazer, e que são muitos os problemas que afligem as famílias portuguesas, mas seria errado e injusto esquecer o legado que é deixado ao país pelos governos liderados por António Costa”, acentuou.