Prémios Pfizer 2023 distinguem trabalhos sobre covid-19 e doença de Parkinson

Portugal vai adquirir antiviral da Pfizer

Prémios Pfizer são considerados os mais antigos galardões atribuídos em Portugal na área da investigação biomédica.

Os Prémios Pfizer 2023 distinguem os cientistas Luís Graça, pelo seu trabalho sobre a imunização contra a covid-19, e Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas, pela investigação sobre a correlação da doença de Parkinson com a saúde intestinal.

O anúncio foi feito em comunicado pela farmacêutica Pfizer e pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, que coorganizam os prémios, atribuídos nas categorias de investigação básica e clínica e que totalizam 60 mil euros.

O imunologista Luís Graça, que coordena a comissão técnica de vacinação contra a covid-19 e trabalha no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, em Lisboa, foi distinguido na categoria de investigação clínica, enquanto Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas, da Universidade de Coimbra, na categoria de investigação básica.

A equipa de Luís Graça comprovou num estudo que as pessoas vacinadas contra a covid-19 e são infetadas “adquirem uma maior proteção contra uma possível reinfeção”, sendo o “efeito maior” quando a infeção é causada por uma subvariante da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2.

A proteção adquirida “decai progressivamente”, mas, passados oito meses, continua “bastante robusta”, segundo o imunologista, citado em comunicado, que acrescenta que os dados obtidos permitiram fazer recomendações quanto à necessidade e o momento mais adequado para administrar doses de reforço da vacina.

O grupo de investigação liderado por Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas, que trabalham no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, sugere que o aparecimento e a progressão da doença neurodegenerativa de Parkinson, que afeta os movimentos e cujos doentes apresentam sintomas gastrointestinais muito antes, podem estar associados a alterações no microbioma intestinal (comunidade de microrganismos, como bactérias, que habitam no intestino).

Num estudo feito com ratinhos, Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas verificaram que, “quando ingerida de forma crónica”, a toxina BMAA, que se pode acumular em bivalves, mariscos e peixes, mas cujas concentrações não são monitorizadas pelas autoridades de saúde pública, “altera o microbioma intestinal, desencadeando um processo neurodegenerativo compatível com a doença de Parkinson”.

Os Prémios Pfizer são considerados os mais antigos galardões atribuídos em Portugal na área da investigação biomédica, sendo financiados pela farmacêutica Pfizer e indicados por um júri nomeado pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.