Situação política em Portugal acompanhada pela imprensa europeia

das buscas judiciais na residencia oficial a demissao de antonio costa
© Lusa

Demissão do primeiro-ministro e marcação de eleições são notícias de destaque nos jornais europeus, sobretudo em Espanha e Reino Unido.

A demissão do primeiro-ministro António Costa e a marcação de eleições para março de 2024 são notícias de destaque nos jornais europeus, sobretudo em Espanha e Reino Unido estando o portal Politico a acompanhar a situação desde o primeiro momento.

“A queda de António Costa significa problemas para as esperanças socialistas de chegarem ao topo da União Europeia”, titula hoje o portal de notícias norte-americano.

A edição do Politico escreve hoje no topo do portal que o primeiro-ministro português era o principal candidato a um dos futuros cargos de topo da União Europeia e que, neste momento, o “centro-esquerda” precisa de um novo nome para se impor.

“Costa não foi considerado culpado de nada e ainda pode vir a reclamar um emprego em Bruxelas. Não seria a primeira vez que um alto funcionário da União Europeia seria nomeado depois de ter estado envolvido num escândalo”, refere o artigo do Politico. 

A mesma publicação refere que em julho de 2014, Jean-Claude Juncker foi eleito presidente da Comissão Europeia, um ano depois de se ter demitido do cargo de primeiro-ministro luxemburguês, no âmbito de um escândalo que envolveu os serviços secretos do país, alegadamente envolvidos em condutas impróprias.

O mesmo artigo acrescenta que a sucessora na presidência da Comissão, Ursula von der Leyen, foi envolvida num escândalo quando era ministra da Defesa alemã, com alegações de que contratos lucrativos do ministério foram adjudicados a consultores externos sem a devida supervisão.

No texto de análise do Politico sobre as supostas intenções de Costa em relação a um cargo europeu sublinha ainda a lentidão da Justiça em Portugal.

Em Espanha, a edição digital do jornal espanhol El Pais noticia que Portugal vai voltar às urnas, dois anos após as eleições legislativas que deram ao Partido Socialista uma maioria absoluta histórica em janeiro de 2022.

“O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou na quinta-feira à noite, numa alocução à nação, que vai dissolver a Assembleia e convocar novas eleições para 10 de março, em resposta à grave crise institucional provocada pela demissão do primeiro-ministro, o socialista António Costa, depois de o Ministério Público ter denunciado que vai ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça para determinar se cometeu algum crime na promoção de vários projetos no setor da energia”, escreve hoje a correspondente do El Pais em Lisboa.

O El Mundo, atualizou na primeira página da edição eletrónica que as eleições foram marcadas para março do próximo ano e recorda o caso judicial que envolve o Governo português. 

“O chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, uma das pessoas detidas no âmbito do processo que levou à queda do primeiro-ministro, guardava 75.800 euros no gabinete, distribuídos por caixas de vinho e numa estante, que foram apreendidas”, destaca a edição digital do El Mundo.

O jornal da região espanhola da Galiza, Faro de Vigo, escreve hoje na edição digital que o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, optou “finalmente” pela realização de eleições antecipadas, em resposta à crise política que eclodiu no país com a demissão, terça-feira.

Mais à frente, o Faro de Vigo escreve que “o primeiro-ministro socialista António Costa, está a ser investigado por alegadas irregularidades na concessão de licenças para a exploração de minas de lítio e produção de hidrogénio verde”.

O portal do jornal francês Le Monde escreve na primeira parte da edição de hoje que o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu na quinta-feira, 09 de novembro, dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março de 2024, “para ultrapassar a crise” provocada pela demissão do primeiro-ministro socialista, António Costa, implicado num escândalo de corrupção.

“O Presidente conservador falava após uma reunião de quase quatro horas com os membros do Conselho de Estado, um órgão consultivo, sobre a situação do país. Rebelo de Sousa optou por convocar eleições, tal como exigido pelos principais partidos da oposição, à direita e à esquerda, mas os membros do Conselho de Estado não se mostraram favoráveis”, escreve o Le Monde.

O Libération diz, na secção internacional, que “Portugal não está a perder tempo”, referindo-se à convocação de eleições. 

O portal do britânico The Guardian titula que “Portugal vai realizar eleições antecipadas – as segundas em dois anos – após a demissão do primeiro-ministro” e acrescenta a data das eleições. 

As informações sobre a crise em Portugal foram igualmente atualizadas na edição de hoje do jornal The Times, de Londres.