Sonae fecha contas de 2022 com lucros 27,7% acima do ano anterior

Grupo Sonae alvo de ataque informático

Empresa teve lucros de 342 milhões de euros.

A Sonae, empresa dona dos hipermercados Continente, fechou as contas de 2022 com lucros de 342 milhões de euros, 27,7% acima do registado no ano anterior. Ainda assim, a empresa adianta que a margem de lucro recuou. Segundo as contas apresentadas esta quinta-feira pela retalhista, o resultado líquido atribuível aos acionistas excluindo os itens não recorrentes diminuiu quase 17%, para 179 milhões de euros.

A presidente executiva da Sonae sustenta que o retalho suportou parte da pressão inflacionista. A empresa liderada por Cláudia Azevedo refere que esta queda dos resultados se deve “ao esforço em estar ao lado das famílias absorvendo parte da inflação, pelo aumento significativo dos custos e pelo resultado indireto de menos de 43 milhões de euros, na sequência das imparidades no negócio de retalho de moda, da desvalorização dos ativos da Sierra e do impacto cambial no valor dos ativos da Bright Pixel.”

“Durante o ano, a inflação aumentou para níveis que o mundo não havia presenciado neste século, sobretudo devido aos aumentos acentuados nos custos da energia e às perturbações nas cadeias de abastecimento que afetaram toda a economia. O elevado nível de inflação, juntamente com as crescentes taxas de juro, colocaram sob pressão o rendimento disponível das famílias e, consequentemente, alteraram os seus padrões de consumo”, começa por referir Cláudia Azevedo na mensagem que acompanha os resultados.

“Na Sonae, rapidamente percebemos os impactos potenciais nas nossas comunidades e agimos em conformidade para os mitigar. Para evitar uma maior sobrecarga nos orçamentos familiares, os nossos negócios de retalho suportaram parte da pressão inflacionista, à custa da sua própria rentabilidade”, assegura, numa altura em que o Governo tem apertado o escrutínio aos preços dos alimentos.

As contas da Sonae revelam uma subida de 10,9% do volume de negócios para mais de 7,7 mil milhões de euros, como resultado de ganhos de quota de mercado das suas operações, mas também dão nota de uma queda de 41 pontos base da margem EBITDA subjacente (margem de lucro operacional) de 8,6% para 8,2%, “com os negócios a suportarem parte da pressão inflacionária e do aumento significativo de custos, nomeadamente de energia, e a investir para garantir a competitividade das suas ofertas.”

Só no quarto trimestre de 2022, a Sonae teve um resultado líquido recorrente negativo de 10 milhões de euros. Por sua vez, o volume de negócios consolidado fixou-se em 7.700 milhões de euros, um ganho homólogo de 10,9%.

As vendas online agregadas avançaram, neste período, 17% e ultrapassaram os 700 milhões de euros.

O resultado antes de imposto, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) subjacente da Sonae cresceu 6% para 635 milhões de euros.

Em 2022, o grupo investiu 1.000 milhões de euros em Portugal. Já o investimento consolidado progrediu 34% para 634 milhões de euros.

No que diz respeito à atividade de gestão do portfólio, a Sonae investiu 277 milhões de euros (+42%) e encaixou 301 milhões de euros com a venda de ativos.

A dívida líquida consolidada cedeu para 540 milhões de euros, “o valor mais baixo deste século”. No ano passado, a empresa e os seus negócios criaram mais de 1.200 postos de trabalho, destacando-se o retalho, subindo para cerca de 48.000 o seu número de colaboradores.

O valor líquido do portfólio da Sonae ascendeu a 4.000 milhões de euros no final de 2022, em linha com o ano anterior.

Por área de negócio, o retalho alimentar (MC) teve uma redução da rentabilidade, penalizada também pela inflação.

“Neste contexto exigente e desafiador, a MC esteve ao lado das famílias, ajustando a sua proposta de valor para ir ao encontro às necessidades dos seus clientes e investindo na expansão do seu parque de lojas de forma a levar os seus benefícios a um número crescente de pessoas”, sublinhou.

Ainda assim, “o investimento realizado e o reconhecimento deste esforço para conter os impactos da inflação dos clientes”, levou a uma faturação de 6.000 milhões de euros, um crescimento de 11,5%.

No segmento da eletrónica, a Worten teve um volume de negócios de 1.200 milhões de euros, mais 5,4% do que em 2021.

O volume de negócios da Zeitreel, que opera no setor da moda, ascendeu 12% para 387 milhões de euros, abaixo dos números de 2019.

A Sierra, por seu turno, aumentou os ativos sob gestão não relacionados com atividades de retalho para 1.300 milhões de euros, uma subida de 700 milhões de euros.

No ano em análise, a Bright Pixel investiu 48,7 milhões de euros nas empresas do seu portfólio e em novas empresas. O volume de negócios da NOS aumentou 6,3% para 1.500 milhões de euros, enquanto o resultado líquido, excluindo as mais-valias da alienação de torres, situou-se nos 138 milhões de euros, menos 4% do que em 2021.

No que diz respeito ao retalho de desporto, entre agosto e outubro, as vendas da ISRG cresceram 8,6%, em comparação com o ano anterior, e nos serviços financeiros, o cartão Universo ultrapassou a barreira de um milhão de utilizadores.

Face a estes resultados, o Conselho de Administração da Sonae vai propor o pagamento de um dividendo de 0,0537 euros por ação.

Citada na mesma nota, a presidente executiva da Sonae, Cláudia Azevedo, notou que existem sempre “riscos inesperados”, mas mostrou-se confiante quanto ao futuro.

“Este ano está já recheado de projetos e iniciativas dinâmicos, repletos de inovação e sustentabilidade. Continuaremos a potenciar o crescimento e a trabalhar em conjunto para criar um amanhã melhor para todos”, referiu.