“Temos um problema sério nas nossas mãos que, se não for mitigado, pode ameaçar a sobrevivência da Humanidade”, diz o professor Hagai Levine, principal autor do estudo da Escola de Saúde Pública Hadassah Braun, da Universidade Hebraica de Jerusalém.

As descobertas devem ser motivo de preocupação “para todos, independentemente das suas opiniões sobre quantos seres humanos o planeta deveria ter agora”. Refira-se que as Nações Unidas projetaram que, em meados de novembro, a população mundial atingiu os oito mil milhões de habitantes.

O artigo, publicado na revista ‘Human Reproduction’, fez uma meta-análise de 223 estudos baseados em amostras de esperma de mais de 57 mil homens em 53 países e descobriu que, desde 1972, a contagem global de esperma caiu cerca de 1% a cada ano. No entanto, desde 2000, o decréscimo anual tem sido, em média, superior a 2,6%.

“A contagem de esperma é uma métrica importante para a saúde global e o nosso futuro. E, independentemente do número de pessoas que achamos que precisamos na terra, não queremos que essa quantidade seja determinada por eventos incertos, ao contrário das nossas próprias escolhas”, disse Levine.

“Acho que temos de monitorizar estes dados com muito cuidado a nível global, populacional, local e também a nível pessoal”, acrescentou o especialista, pedindo às autoridades que melhorem os estilos de vida e limitem a exposição humana a produtos químicos produzidos pelo homem, através de uma melhor regulamentação.

“Às vezes há um ponto de inflexão e o sistema entra em colapso uma só vez. Isso significa que algo está a acontecer com os nossos sistemas ecológicos e sistemas reprodutivos – e, em algum momento, isso pode ser demais”, refere.

As implicações vão além da diminuição da fertilidade. Contagens mais baixas de esperma estão “ligadas a doenças que surgem mais tarde na vida – cardiovasculares, diabetes e cancro reprodutivo – e a uma expectativa de vida mais curta”, conclui.