Sonhadas o ano inteiro são o escape para curar o cansaço e monotonia do trabalho, mas, muitas vezes, o sonho pode mesmo tornar-se um pesadelo, com um rombo monumental no orçamento. Eis o que pode fazer para evitar um pesadelo financeiro.

Planeamento

Será provavelmente a palavra mais importante. Uma espécie de guia para um orçamento certo e com poucos deslizes: Planeamento. Planear as férias será quase tão importante como encontrar fundos para as poder pagar. O planeamento começa na marcação da viagem e estadia. E aqui não há como enganar: quanto mais cedo melhor!

“Sabemos que ir de férias à última da hora, acaba por se pagar mais do que se marcarmos em janeiro ou até mesmo em outubro do ano anterior, em que se consegue preços muito mais vantajosos”, explica Bruna Fernandes, contabilista.
Se quiser ter a certeza de que não paga balúrdios por uns dias de descanso, além de marcar as férias cedo pode também garantir que evita a época alta e fins de semana.

Guia para poupar nas férias
Stockfilmstudio, Envato

Mas existem uma série de ‘truques’ que devemos ter em conta na hora de reservar hotéis e viagens, com a DECO a enumerar alguns. O primeiro passa por certificar-se de que a janela do browser que utiliza para fazer as reservas seja aberta em modo incógnito. Isto irá permitir-lhe evitar que os cookies dos sites rastreiem as suas pesquisas e dessa forma consigam aumentar os preços dos produtos que lhe possam parecer mais apelativos.

No momento da reserva é importante certificar-se de que a mesma pode ser alterada ou cancelada e, caso os valores justifiquem, pode também contratar um seguro ou optar por uma proposta que já o tenha incluído. Os imprevistos acontecem e quando as férias envolvem valores mais avultados perdê-los seria uma verdadeira dor de cabeça. Quando procurar alojamento tenha em atenção as taxas ou comissões de reserva que podem influenciar o preço final da sua estadia.

Mas os cuidados não devem ser apenas na reserva da estadia. As viagens também são importantes. Se for viajar de avião convém estar atento se existe necessidade de pagamento de bagagem de porão ou até de bagagem de mão. Às vezes, um grama mal calculado pode ser o suficiente para um preço mais ‘puxado’.

Pense também se valerá a pena marcar lugares no voo – normalmente a reserva de lugares e prioridade no embarque trazem cargos acrescidos. Escusado será falar também das compras, principalmente durante o voo: os produtos a bordo são sempre mais caros.

Gerir despesas consoante as necessidades

Faça escolhas inteligentes: localização, tipo de estadia, pequeno-almoço incluído. Todas estes fatores influenciam o preço da estadia e, às vezes, podem trazer vantagens ou desvantagens, dependendo da situação. Um hotel mais central poderá parecer mais caro, mas se essa localização lhe permitir poupar em transportes e combustível, talvez valha a pena. O mesmo com o pequeno-almoço, que se estiver incluído no hotel acresce no valor final, mas pode ajudar a poupar, se evitar mais uma refeição fora, principalmente se estiver em locais onde o custo de vida seja superior ao habitual em Portugal.

Outro item importante passa pela gestão dos meios de transporte utilizados nos dias de descanso, principalmente numa altura em que os preços dos combustíveis estão tão altos.

“Pensar em fazer contas ao veículo. Quem for de férias em Portugal, ao Algarve, por exemplo, pode fazer sentido fazer contas se é melhor ir de carro ou compensa comprar já a viagem de comboio. Pode demorar mais tempo a chegar ao destino, mas acabará por poupar. A inflação aumenta os combustíveis, e como tal uma viagem de Porto ao Algarve não tem o mesmo preço que tinha no ano passado e por isso faz sentido ver se vale a pena ir de comboio ou até de avião, se conseguir arranjar viagens low cost”, afirma Bruna Fernandes.

Transformar gastos em oportunidades

Época de férias significa muitas vezes excessos e pequenas excentricidades. Estadias, passeios, refeições fora de casa. Tudo isto são despesas que podem dar cabo de um orçamento mais limitado. Mas saiba que até aqui existem oportunidades.

“É possível, com as despesas que fazemos nas férias, conseguir ir buscar parte do dinheiro gasto. Onde? Em sede de IRS. Conseguimos alguns benefícios se tomarmos alguns cuidados. Por exemplo, devemos dar sempre o nosso número de contribuinte. Num hotel com uma fatura de dois mil euros, com um IVA a 6%, teríamos 113 euros de IVA. Existe um benefício no IRS que dita que 15% desse IVA, que conseguimos ir buscar, consoante os rendimentos. Desses 113, podemos ir buscar cerca de 16 euros. Isto acontece também em restaurantes, nós conseguimos ir buscar novamente 15% da fatura que abate no IRS”, explica a contabilista.

Guia para poupar nas férias
BrianAJackson, Envato

Pode parecer pouco tendo em conta os gastos iniciais, mas as faturas com número de contribuinte podem fazer toda a diferença na altura de entregar o IRS e calcular o que se vai receber (ou pagar). As férias são especialmente eficazes para tentar abater os valores das despesas feitas, uma vez que acaba por ser uma época propícia a gastos maiores. Por isso, não se esqueça: faturas como número de contribuinte são obrigatórias para fomentar a poupança.

Viva como um local

Se viajar para o estrangeiro convém também pensar nos locais a visitar. O dinheiro não é todo igual nem vale o mesmo em todos os sítios. Vinte euros na Suécia não valem o mesmo que em Cabo Verde, por exemplo. Assim pode ser vantajoso escolher locais onde o dinheiro possa valer mais. Não se esqueça também das taxas de câmbio: opte por dinheiro vivo ou cartões e bancos que ofereçam taxas de conversão mais vantajosas.

E não se esqueça: é turista, mas não precisa de se comportar como tal. Evite os locais destinados a turistas e explore o seu destino de férias como um habitante local. Visite locais fora dos roteiros e explore os mesmos sítios que quem mora naquela zona frequenta, nomeadamente restaurantes. A barriga e a carteira agradecem, além de que leva a verdadeira experiência do lugar que visita.

FONTEDolgachov, Envato