No dia 31 de agosto de 1997 o mundo acordava em choque para uma morte inesperada. Diana Spencer, a ‘princesa do povo’ como era apelidada, morria num aparatoso acidente de viação num túnel em Paris.
As explicações ou teorias sobre a tragédia multiplicaram-se ao longo dos tempos, mas sabe-se que Diana estava a ser perseguida por fotógrafos e que o condutor Henry Paul, que também morreu na sequência do acidente de viação, estaria alcoolizado e sob o efeito de medicação prescrita. A última vítima mortal seria o namorado de Diana na altura, o milionário Dodi Al-Fayed.
O espetáculo mediático que pautava a vida da princesa foi severamente questionado, com os jornalistas a serem acusados pela opinião pública de serem os grandes responsáveis pela morte da mãe dos príncipes William e Harry.
“É importante lembrar que, de todas as ironias sobre Diana, talvez a maior seja esta: uma jovem que recebeu o nome da antiga deusa da caça foi, no fim de contas, a pessoa mais caçada da era moderna”, disse Charles Spencer, num discurso durante o funeral da irmã.
Ao longo da sua vida pública, Diana manteve com os jornalistas e fotógrafos uma relação próxima e dependente, mas, ao mesmo tempo, de ódio e distanciamento. Por um lado, ela acusava os jornalistas de a perturbarem, embora, por outro, os alimentasse com informações ou pedidos para que noticiassem as suas causas.
Diana era um agregador de antípodas: cresceu a sonhar com a família real, porém acabou num palco igualmente disfuncional tal como aquele que a viu crescer, acabando por escavar ainda mais o fosso já aberto que a distanciava da monarquia.
Na verdade, Diana sonhou com o ‘conto de fadas’ perfeito, mas acabou no pesadelo de casar com um homem que gostava de outra mulher.
“Ironicamente, Diana entrou numa família na qual achava que nunca se divorciaria e acabou por casar com alguém que amava outra pessoa. Essa foi a tragédia principal. Uma espécie de escala operística”, compara Andrew Morton, jornalista e biógrafo da família real.
“Éramos três naquele casamento, então estava um pouco lotado”
A frase foi da própria princesa durante a polémica entrevista cedida a Martin Bashir, da BBC, em 1995, remetendo para os casos de infidelidade do príncipe Carlos, que terá mantido uma relação extraconjugal com Camilla Parker Bowles.
Diana e Carlos casaram-se a 29 de julho de 1981, num evento altamente mediático e transmitido globalmente em direto.
Em 1982 nasceu o príncipe William, duque de Cambridge, e dois anos depois chegou ao mundo o príncipe Harry.
O cenário parecia idílico, retirado de um livro de histórias infantil. Mas a verdade é que as dificuldades conjugais foram cada vez mais notórias e conhecidas do grande público, uma vez que eram muitas vezes reveladas através de biografias e notícias com admissões de infidelidade de ambos os lados.
Depois de várias polémicas, o casal acabaria por separar-se formalmente em 1992, com o acordo para o divórcio a ser alcançado em 1996, com Diana a perder os títulos reais.
A ‘rainha dos corações’
Diana disse que gostaria de ser lembrada como ‘rainha do coração’ das pessoas. Na verdade, esforçou-se para isso. A ‘princesa do povo’ ficou conhecida pela sua vertente humanitária e de ativista.
“As qualidades únicas de Diana eram a sua missão humanitária, a natureza tátil, um cuidado e consideração constante pelos outros e, ao mesmo tempo, uma espécie de imprudência e um delicioso sentido de humor. Não importa o quão más as coisas estivessem, ela podia sempre fazer uma piada sobre isso”, conta Andrew Morton.
Diana conquistou o mundo quando apertou intencionalmente a mão de um paciente seropositivo, por forma a dissipar o mito de que a doença poderia ser transmitida pelo toque. A imagem encheu capas de jornais e o tema chegou ao debate público. Diana fazia questão de que os filhos conhecessem o mundo real, levando-as a visitar hospitais, abrigos e orfanatos.
A princesa participou ainda em campanhas que tinham por objetivo banir as minas terrestres. Diana viajou até Huambo, em Angola, caminhando por campos minados e alertando para os efeitos dos explosivos, através de fotografias com crianças amputadas.
O legado que continua
Diana deixou o mundo de forma prematura, mas o seu legado não morreu, seja pelas pessoas que inspirou ou pelos filhos, que continuaram o seu trabalho e têm contribuído para uma modernização da coroa.
A Diana é atribuído o crescimento de eventos e ações de caridade apoiados pela família real deixando no mundo a marca de uma pessoa realmente bondosa e preocupada.
Diana foi mãe, princesa, ativista, ícone da cultura pop, moda e beleza.
Diana foi de todos os britânicos e de todos aqueles que foram tocados por ela.
Se fosse viva teria hoje 61 anos.