[Filipa Sampaio] – Adriane, tu tens muitas facetas, enquanto escritora, modelo, atriz… Como é que nasce a tua paixão pela comunicação?
Quando era pequena, eu usava uma escova de cabelo como microfone. Entrevistava as minhas bonecas, as minhas amigas, a minha família. Desde pequena, quando eu me imaginava a trabalhar, eu via-me na televisão. Não sabia exatamente como fazer nem como seria, mas eu vi-me desde sempre a trabalhar em televisão de alguma forma. E eu tive essa oportunidade aos nove anos, com o Silvio Santos – que vocês sabem bem quem é. Ele é um homem muito poderoso, muito famoso aqui [no Brasil] – é dono de um canal de televisão – e criou um grupo infantil musical, que cantava a banda sonora de uma novela. Fui participar no casting e passei – e comecei com nove anos a cantar. Foi assim que eu comecei a apresentar-me nos programas de televisão, a cantar. Acabou a novela e esse grupo, mas depois entrei noutro grupo também dirigido pelo próprio Silvio Santos – e fiquei mais quatro anos. Então, a minha experiência com televisão começou muito cedo e eu tive a certeza de que aquela menina que brincava a entrevistar as bonecas morava dentro de mim e tinha de lhe dar vida para continuar o meu trabalho. E foi assim que despertou em mim, ainda muito criança, a certeza de que eu estava no caminho certo. É claro que eu andei por caminhos muito difíceis – e não foi fácil!

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A apresentadora do reality show ‘A Fazenda – Tudo a Ver’ irá voltar brevemente ao ar, para apresentar a nova temporada desta ‘novela da realidade’ | © ANTONIO-CHAHESTIAN

[André Carvalho] – Assim dá para perceber que tu desde muito pequena lutaste pelos teus sonhos, pela tua carreira e isso são características que, hoje em dia, usas quando estás a trabalhar, a apresentar ‘A Fazenda’ ou o ‘Power Couple’. Aquela determinação de levar os projetos para a frente são marcas fortes da tua personalidade?
São! Eu sou completamente apaixonada pela televisão. Claro que a minha primeira experiência como apresentadora foi na MTV e lá eu tive a verdadeira sensação da diferença de aparecer e trabalhar em televisão. Há muitas diferenças. Lá eu tive uma escola muito boa que foi a MTV e eu na sequência fui para a Record TV. Tive uma experiência na Record TV há muitos anos com um programa chamado ‘É show’. Era em direto, diário, e depois passou a ser duas vezes por semana. Mas eu nunca me consegui imaginar a fazer outra coisa. Tive momentos fora do ar, passei por outras emissoras, mas o meu foco foi sempre ficar na televisão, ser apresentadora. Eu faço muitas coisas: teatro, novelas, tenho as minhas redes sociais que me tomam muito tempo, o meu canal no YouTube… Hoje tenho o meu avatar também, que é a Galis, que precisa de cuidado e tempo. Mas o meu grande amor, a minha grande paixão é a televisão. E para quem não sabe eu fui sempre viciada em reality shows. Desde que estreou no Brasil, este formato de programas é um fenómeno, um sucesso. Acho que os brasileiros são tão loucos por reality shows que eu arrisco-me a dizer que é o público que mais ama este tipo de formato no mundo. Eu vejo uma novela da vida real todos os dias e sou um das pessoas que são fãs de reality shows. Por isso, eu fiquei muito feliz com o presente de poder apresentar ‘A Fazenda’, que é o meu reality show preferido. Não é porque eu o apresento, é porque como fã, como telespectadora, eu já amava ‘A Fazenda’.

[F.S.] – Ainda te dá aquele ‘friozinho na barriga’ cada vez que abraças um novo projeto para apresentar? E como te preparas para o mesmo?
Eu aprendi com a ‘diva master’, a Bibi Ferreira… Ela ficou nos palcos até aos 95 anos e eu tive a honra e o prazer de trabalhar ao lado dela, de aprender muito com a Bibi nos palcos. E eu vi aquela mulher tão talentosa, tão poderosa com ‘borboletas na barriga’, nervosa antes de começar um espetáculo. E um dia eu disse-lhe: ‘Mas Bibi, são anos de espetáculo!’ E ela respondeu: ‘O dia que eu não ficar nervosa, o dia em que isto não me der essa sensação, não posso fazer mais. Porque a televisão e o palco têm de te dar essa sensação de nervosismo, de alegria, de adrenalina’. Então, em todos os projetos que eu começo, em todas as estreias, eu estou sempre nervosa. E programas em direto, que é o que eu gosto de fazer, eu acho emocionante. Temos o brilho nos olhos, há erros, que podem acontecer com qualquer um de nós o tempo todo – e temos de saber lidar com isso… Eu gosto muito de televisão, em direto, e de realities. E fico sempre com essa sensação de nervosismo de estreia, como se fosse a primeira vez.

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Adriane Galisteu é um dos rostos mais conhecidos da televisão brasileira | © EDU MORAES

[A.C.] – E como é quando os participantes começam a discutir em direto? Como lidas com esses momentos mais tensos?
Como eu sou, por ser fã, tenho vontade de ir lá e começar aos gritos. Mas, ao mesmo tempo, eu não posso cortar a discussão porque aquilo também faz parte da novela da vida real. Quando as pessoas falam da última edição de ‘A Fazenda’ – que foi muito difícil, turbulenta, com pessoas que causam confusão a toda a hora, que já entraram a discutir… – eu respondo: ‘Tudo bem, isso faz parte do reality’. Antes de estar confinado ninguém imagina do que é capaz. As pessoas não sabem do que são capazes, e como vão reagir a determinadas coisas. Quando me perguntam ‘Adriane, entrarias num reality?’, eu respondo ‘não sei’ – até poderia entrar, mas acho que teria muito medo de ser julgada logo. Porque eu não sei como reagiria com uma pessoa a incomodar-me a toda a hora, a fazer de propósito para chatear-me. Porque a ideia do reality é mesmo essa, eliminar os participantes para chegarmos lá. Só um vai vencer, só um ganha. Também faz parte da estratégia o terror psicológico, irritar os colegas. Para mim, como fã de reality eu gosto da parte da discussão. Como apresentadora eu tenho de impor ordem na casa, mas também não posso ser aquela ‘tia chata, tipo professora’… eu também quero participar na discussão. Então, eu fico entre a espada e a parede – fico a obedecer ao diretor, grito, vou lá dizer para pararem… É assim que funciona. Também é um reality para apresentar, não é só um reality para quem está dentro do confinamento. Porque bem ou mal, o dia em que começa ‘A Fazenda’, até ao final, ou o dia em que começa o ‘Power Couple’, até ao final, eu confino-me com eles. O lugar em que gravamos, em que fazemos o direto, é a uma hora e meia de São Paulo, que é a cidade onde eu moro. É longe daqui, então eu vou todos os dias muito cedo e volto de madrugada para casa. Então, eu fico praticamente três meses confinada com eles. É uma sensação muito diferente, muito engraçada. Para mostrarem no ‘Record 360’ – aproveito para deixar-vos um convite: quando começar ‘A Fazenda’ acompanhem um dos meus dias para saberem como é a minha rotina… Podem convidar-me que eu mostro! [risos]

[F.S.] – E agora quero saber, de todos os projetos que já apresentaste qual foi o que mais te desafiou e porquê?
É ‘A Fazenda’, não tenho dúvidas, digo isto tranquilamente. Porque ‘A Fazenda’ já existia e já tinha sido apresentada por pessoas muito competentes e brilhantes. Por exemplo, o Marcos Mion que apresentou antes de mim, que brilhou em ’A Fazenda’, e foi incrível. Ele é um amigo querido e eu entrei para o substituir. Assim como no ‘Power Couple’, eu entrei para substituir o Gugu, que também brilhou no ‘Power Couple’. Então, começou o desafio de poder encontrar a minha forma de apresentar, de encontrar o meu caminho como mulher a apresentar um reality show. Porque aqui no Brasil fui a pioneira, só homens apresentavam realities. Então, eu carrego isso: ser a primeira mulher a apresentar um reality deste tamanho. Mas também tive um momento inicial difícil em encontrar o meu tom, a minha maneira de ser com os participantes. E eu não tinha noção, apenas como fã e espectadora, do quão difícil era apresentar ‘A Fazenda’. Porque apesar de conhecer todas as dinâmicas e de saber como funciona, por assistir desde sempre, eu nunca tinha trabalhado com dois diretores no auricular. São duas pessoas a mandar em lugares diferentes, então, além de falar com os participantes, eu estou a ouvir mais duas pessoas.

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A apresentadora numa das suas intervenções durante ‘A Fazenda’, em que espalha simpatia, boa-disposição e muita diversão | © EDU MORAES

[A.C.] – Como é que num reality destes, tu lidas com as críticas à tua apresentação?
Esta Fazenda deixou-me realmente impressionada com o quanto as pessoas se envolvem, tal como acontece num jogo de futebol. As confusões dos jogos de futebol, a raiva que têm e como criticam os árbitros e toda a gente. Eu também apoio uma equipa de futebol – o Palmeiras – e quando o árbitro marca uma falta contra a minha equipa eu fico irritada, mesmo que ele tenha razão. Mas é uma paixão. Eu juro que fico preocupada porque eu não quero que as pessoas sintam raiva de mim, não quero que me envolvam em mentiras, porque muitas vezes inventam histórias, fake news para poderem criar votações – e eu não quero o meu nome envolvido nisso. Porém, eu entendo que aquele momento, em que eles estão a zangar-se comigo e a criticar-me nas redes sociais, tenha a ver com paixão. Tem a ver com essas confusões dos jogos de futebol, em que há dois lados e esta última Fazenda dividiu o país. O Brasil ficou dividido, a casa ficou dividida, ‘A Fazenda’ tinha a equipa A, a equipa B e no final já tinha equipa C. Foi muita confusão, que passou em força para as redes sociais. Mas acho que isso tudo também faz parte – e eu lido com isso bem porque levo as coisas para esse lado, de não achar que é pessoal. Não carrego isso comigo, pois tento ver que como as pessoas estão apaixonadas, estão com raiva do árbitro. Eu coloco isso na cabeça para me defender – acho que é como uma autodefesa.

[F.S.]: E agora pedimos que deixes uma mensagem aos teus fãs da Record TV Europa, que te acompanham sempre e adoram tudo o que tu apresentas.
Antes de mais, eu também quero agradecer o carinho da Record TV Europa, que durante ‘A Fazenda’ ou ‘Power Couple’ está sempre perto e comigo. Nas minhas redes sociais também podem falar comigo, eu estou à disposição, nós conversamos bastante. E podem aguardar para confirmar que ‘A Fazenda 15 – Tudo a Ver’ virá da forma que gostam. Este ano não haverá ‘Power Couple’ – existe sim uma novidade na Record TV que é um programa apresentado pela Mariana Rios, que se chama ‘A Grande Conquista’ – vai estrear entretanto e eu tenho a certeza de que vai ser um sucesso. E ‘A Fazenda 15’ vem em setembro da maneira que gostamos. E antes da estreia de ‘A Fazenda’ está prometido… O Vittorio, o meu filho, vai fazer um intercâmbio de verão em Londres e eu vou buscá-lo antes de ‘A Fazenda’. E aí eu vou parar em Portugal, vou parar com vocês no ‘Record 360’ e vou levar os spoilers de ‘A Fazenda 15’! [risos]