É um reputado ator brasileiro de televisão, teatro e cinema – já participou em mais de 50 filmes. Integrou o elenco de ‘Gênesis’, um dos maiores sucessos da Record TV, e atualmente faz parte da série ‘Reis’, produzida também pela emissora. Anselmo Vasconcelos é um destacado nome no mundo da representação e um soberano inesquecível!

A recém-estreada série ‘Reis’ tem mobilizado a atenção do público. A que se deve esse sucesso?
Esta superprodução tem características bastante específicas. É uma narrativa de grande dimensão, com batalhas, conflitos, guerra e expansão de poder, na qual a minha personagem, Guedór, o rei filisteu, terá grande protagonismo. As expectativas são muito grandes… Acompanhei desde o início esta grande produção e posso dizer-vos que estou muito entusiasmado com o que fiz e com o que vi fazer. O primeiro episódio apresenta o conflito que vai ser desenvolvido durante toda a história. A primeira temporada, com vinte capítulos, aborda os conflitos militares e armados da época, que tinham como finalidade o próprio desenvolvimento desse povo. Os hebreus, por exemplo, não tinham uma organização social, económica ou geopolítica como tinham os filisteus, que eram bem mais avançados. Os filisteus vieram da Grécia e eram extraordinários marinheiros. Moravam à frente do mar Egeu, dominavam o ferro, eram ricos e tinham muita comida e água o que na época era sinónimo de sobrevivência. Os hebreus aprenderam com os filisteus a ter outro tipo de organização social. Eles não tinham reis nem juízes, nem cidades, por exemplo. Já os filisteus tinham cinco cidades poderosíssimas, extremamente armadas e muito bem conduzidas.

O Anselmo é um rei muito poderoso. Foi um desafio fazer este soberano
Sim. Já tinha tido a experiência de ser um rei, porque fiz o rei Ricardo III, de Shakespeare. Ser rei de Inglaterra numa peça de Shakespeare ligou-me a um nível de poder que eu desconhecia. Ser rei estabelece uma relação com as pessoas muito própria, porque elas olham para mim como um rei e mesmo que eu não me sinta um, passo a ser, porque o olhar das pessoas me impõe isso. O Guedór, além de ser um homem maduro, de sessenta e cinco anos com um poder muito grande, uma família bem estabelecida, uma rainha que ele ama e com quem tem uma enorme cumplicidade, a rainha Anainér, interpretada pela atriz Silvia Pfeifer – tem características muito contemporâneas. Por exemplo, para vencer as batalhas ele cria uma estratégia militar extremamente sofisticada, a grande surpresa na série. O telespectador vai surpreender-se muito com a maneira como ele consegue derrotar os israelitas, porque ele é extremamente inteligente. Formou os quatro filhos – os príncipes – e os sobrinhos como grandes guerreiros. Outorgou um poder de responsabilidade no projeto expansionista deles. Ele queria conquistar e fazia de tudo para ter essa vitória.

Entrevista Anselmo Vasconcelos
Anselmo Vasconcelos e Silvia Pfifer em ‘Reis’ | © Record TV Europa

O que acha que o público vai pensar sobre o rei Guedór? Vão estar do lado dele ou contra ele? 
Quando comecei os trabalhos fui recebido por um dos responsáveis da série, que me disse que era necessário o público se apaixonar pela minha personagem, apesar de ser um dos antagonistas. Era preciso seduzi-los e deixá-los interessados, eles não podem ser rejeitados e tudo foi construído para isso. Os cenários são deslumbrantes, na minha aparição no sétimo capítulo senti-me a Elizabeth Taylor, em ‘Cleópatra’. [risos] Eles construíram um palácio lindo, com uma escadaria com mais de setenta degraus e o meu trono ficava lá em cima! Acompanhei a construção dos cenários físicos, feitos de raiz para esta série. Todos os dias, eu chegava lá para a preparação do elenco, ia visitar a carpintaria e via, pouco a pouco, a madeira a transformar-se em pedra e a pedra a transformar-se em cores. A localização do palácio era perfeita – ficava em cima de um penhasco, mesmo de frente para o mar Egeu. Comecei a desenvolver particularidades da família real que não estavam ainda ‘à superfície’ e, juntamente com o realizador e com os autores, sugeri, por exemplo, que o rei Guedór tocasse um instrumento, que fosse uma pessoa que amasse a música, ou seja, que tivesse um lado positivo, mágico. Ficou muito bonito, porque nos momentos mais terríveis de decisões que ele tinha de tomar – decisões de vida e de morte – ele tocava o instrumento. 

É muito interessante o facto de ter acompanhado passo a passo os cenários e outros pormenores. Como ator, autor e uma pessoa experiente nesta área, acha que esse seguimento – em vez de apenas aparecer no set e gravar – o ajudou a entrar na personagem?
Sim, é um processo riquíssimo. Para terem uma ideia, eu tinha uma cabeleira muito longa, uma barba grande e a pele bronzeada. Tiveram de construir uma cabeleira para mim, fio a fio, numa ‘tela’ invisível! A aplicação dessa cabeleira na minha cabeça, a modelagem da barba – que era mesmo minha e deixei crescer durante sete meses -, a tatuagem da personagem, a pele bronzeada e as roupas, tudo isto demorava muito tempo, era tudo ao detalhe. Até encontrar o figurino ideal para a minha personagem, experimentei mais de trinta roupas diferentes! A coroa e a arma também foram criadas especialmente para o rei Guedór. Depois de duas ou três horas de caracterização, de vestir-me e ir para estúdio, todas as pessoas que estavam ali presentes – técnicos, a direção, iluminação, entre outras olhavam para mim e diziam ‘Bom dia, majestade!’ [risos] Na segunda semana, eu já era o rei daquele lugar, porque as pessoas realmente tratavam-me como um rei. Foi muito prazeroso viver essa identidade de poder que eu desconheço, porque eu sou um homem do povo, não tenho nenhuma ascendência de nobreza. Ter essa nobreza deu-me uma energia diferente. 

Porque é que o público não pode perder ‘Reis’?
O facto de a Record TV estar a ‘popularizar’ a leitura destas narrativas épicas permite que conheçamos a história de uma maneira prazerosa e empática. Contar essa história parece-me, não só educativo, como também provocativo para as pessoas pensarem como tem sido o Homem ao longo do tempo.

FONTE© Record TV Europa