É uma mulher multifacetada. Entre as inúmeras atividades que preenchem o seu quotidiano, preza muito a sua vida familiar e adora partilhar momentos de felicidade com os amigos. Natural de São Salvador da Bahia, Jaciara – que vai participar na nova temporada de ‘Ilha Record’ – tem uma história emocionante para contar.
És criadora de conteúdos digitais, modelo, atriz, empresária e mãe. Como consegues conciliar tudo isso?
Só consigo fazer isso tudo porque tenho muita ajuda da minha filha Yasmin. No entanto, eu sou assim desde criança. Nunca parei de fazer as coisas que eu gosto. Faço tudo com muito amor. Quero mostrar que, independentemente do sítio onde nascemos e da nossa história, podemos tornar-nos mulheres muito fortes.
Eu paro de fazer qualquer coisa na minha vida para ajudar outra mulher
Consideras-te uma mulher feliz?
Sempre, desde criança. Eu sou ‘fora da caixa’, e acho que ainda ninguém percebeu. [risos] A vertente de artista que há em mim veio do meu pai, que era muito talentoso. Sempre fui muito sonhadora, então ao mesmo tempo que dançava – porque queria ser dançarina – queria representar. Esse cuidado com o cabelo e a minha beleza [relacionado com a moda] começou também quando era muito pequena. Então, sempre fui uma mulher muito dedicada a mim mesma. No entanto, também me dedico muito aos outros.
Em 2003 vieste para Portugal. Era um sonho viver neste país?
Foi um sonho vir morar para Portugal. Há cerca de uns vinte e poucos anos isso era algo impensável para os brasileiros e principalmente para mim – que sou nordestina. Ir para São Paulo já era um sonho, então viajar para a Europa ainda era mais! Quando vim para este país maravilhoso, fiquei apaixonada!
Inevitavelmente, és muito conhecida em Portugal pela tua ligação com o Deco, o teu ex-marido. Consideras isso bom ou menos positivo?
Eu agradeço, pois sem o Deco [ex-futebolista que se notabilizou no FC Porto, Barcelona, Chelsea e Fluminense, entre outros] eu não me tinha tornado tão conhecida. No entanto, assim que nós nos separámos, sempre lutei para deixar de ser a ex-mulher do Deco e passar a ser a Jaciara Dias. As mulheres têm muito valor, por isso não precisam de carregar nenhum sobrenome. Eu claro que estou grata, mas se estou onde estou hoje, é porque eu tenho a minha história e o meu conteúdo. Se eu fosse simplesmente a ex-parceira de um jogador de futebol já estaria esquecida.
Na altura, o que o Deco deu à tua vida?
Sempre vivi altos e baixos. Tinha uma referência masculina (paterna) muito forte, mas com quinze anos perdi o meu pai. O Deco trouxe-me muita esperança e ensinou-me muitas coisas. Crescemos juntos e protegeu-me imenso. Atrás de um grande homem está uma grande mulher.
Viveste uma parte da tua vida menos positiva. Que Jaciara é que existia nessa altura?
Era uma Jaciara que não conseguia desprender-se dos medos. Por mais que as pessoas olhem para mim e digam que sou linda, a minha autoestima sempre esteve muito em baixo. Lutava contra uma forte depressão. Quando achava que estava bem, colocava os medicamentos no lixo. Eu era uma Jaciara pessimista, queria desistir da vida e deixei de acreditar em mim mesma. Dei a cara para falar sobre momentos difíceis que vivi e hoje estou num patamar completamente diferente. Não tenho vergonha de reconhecer de onde é que eu vim.
Sentes que as pessoas acreditam nesta Jaciara?
Acredito que sim. Recebo muito carinho, principalmente de mulheres e, graças a isso, cerca de 90% do meu Instagram são mulheres e crianças. É assim que consigo perceber que consegui passar a minha mensagem.
Consideras que agora te conheces melhor?
Hoje sim, antes não.
E gostas da mulher em que te tornaste?
Muito! Hoje eu amo-me e aceito-me. Já não tenho vergonha de quem sou.
A tua participação num reality show português foi um desafio difícil para ti?
Foi. [risos] Mais uma vez mostrei ser uma mulher sonhadora, que não tem medos. A minha família estava com muito receio que o público me julgasse. No entanto, a minha filha apoiou-me imenso. Ela disse-me: “Mãe, eu vejo-me em ti. Defendo-te, porque as pessoas não te conhecem”. Hoje, tenho a certeza de que consegui plantar a ‘sementinha’ no coração das pessoas.
Tinhas medo do julgamento?
Muito.
Porquê?
Porque tinha medo de não ser compreendida. Dentro da casa isso aconteceu várias vezes, cá fora não. Aqui fora sou muito amada. Desde que saí do programa não tive mais nenhuma crise de depressão, porque todas as vezes que eu tinha saudades, encontrava alguém na rua que me dava um abraço.
Conseguiste ganhar a ‘taça’ que tu querias, certo?
Consegui! [risos] Sou muito mais do que uma vencedora. Ganhei o prémio da minha liberdade. Agora olho para mim e aceito-me.
