Futebol na Arábia Saudita tem crescido após transferências de inúmeras estrelas do futebol mundial.

A UEFA tem-se mostrado preocupada, na sequência da debandada de jogadores do futebol europeu rumo ao futebol saudita. Karim Benzema, N’Golo Kanté, Rúben Neves e Jota foram apenas algumas das estrelas que decidiram integrar a liga saudita. Na voz de Aleksander Ceferin, “o sistema de contratar jogadores que estão a acabar as suas carreiras não é algo que desenvolva o futebol. Foi um erro similar ao chinês, quando começaram a contratar todos os jogadores que estavam em final de carreira.  Creio que é, principalmente, um erro para o futebol saudita. Por que razão? Porque deviam investir em academias, deviam contratar treinadores e desenvolver os próprios jogadores.”

No entanto, para Pedro Seabra, antigo jogador de futebol, o organismo parece apenas preocupado em deixar de dar palco a algumas das maiores estrelas do futebol mundial, uma vez que “a disponibilidade financeira desses campeonatos é gigante e está a começar a atrair estes novos jogadores e, portanto, surge aqui algum tipo de receio por parte da UEFA de se calhar, dentro de alguns anos, começarmos a ver os melhores jogadores e os melhores campeonatos no Oriente.”, rematou o antigo atleta do Leixões Sport Club.

Pedro Seabra - Os milhões das Arábias
Pedro Seabra/ Instagram

Sobre as comparações com o futebol chinês, Seabra revela que há diferenças entres os dois campeonatos.

“O que aconteceu na China foi que o próprio sistema que permitia a quantidade de estrangeiros mudou e isso começou a limitar a entrada de jogadores. Acho que foi isso e uma regulamentação até de ordenados máximos. Eu não sei se é isso que vai acontecer, aquilo que me parece e que está a acontecer nesses campeonatos é que o simples facto de existir mais dinheiro, de existir melhores condições para os jogadores, isso atrai os jogadores.”, afirmou.

O presidente da UEFA pediu mais investimento nas academias, mas a realidade é que a aposta na formação na Europa é quase inexistente, uma vez que “os melhores jogadores portugueses não jogam em Portugal e provavelmente com este tipo de poderio financeiro poderá acontecer noutros países algo semelhante. Isto é, Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha poderão ser países que vão formar nos próximos anos e ver os melhores jogadores a ir para o Oriente. Não sei se isto vai acontecer no espaço de 2, 3 anos ou no espaço de 20 ou 30, o que me parece surpreender, ou não, por causa da questão financeira, é que este verão, os jogadores que estão a começar a ir para esses campeonatos são os jogadores que estão a meio da carreira, que já têm bons salários, lutam pelos melhores troféus aqui na Europa e esses jogadores estão a conseguir ser influenciados a ir”, disse o ex-atleta.

O antigo jogador a atual mental coach desportivo acredita que o futuro do futebol mundial poderá mesmo passar pelo Oriente.

“Com mais qualidade de jogadores, a qualidade de jogo vai aumentar. A qualidade de jogo aumentando, vai atrair também espetadores. Espetadores atrai mais dinheiro e, portanto, se eles, sem esta projeção que tem a Europa, estão a começar a conseguir colocar lá grandes intervenientes. Fechando a atenção para eles, melhorando a qualidade dos campeonatos, melhorando a qualidade de estádios e tudo mais, acho que o futebol se calhar daqui a 20, 30 anos, podemos pensar que o centro do futebol mundial poderá estar lá”, concluiu Pedro Seabra.

Já há muito que a Arábia Saudita é o destino de muitos jogadores, quer eles estejam a meio ou no final da carreira, mas certo é que desde a transferência de Cristiano Ronaldo para o Al Nassr, a liga saudita tem recebido muitas estrelas da modalidade. Uma tendência que promete aumentar nos próximos tempos.

FONTETorre Majdoul (Arábia Saudita), Cyber Riyas/ Pexels