Numa época em que não havia VAR, chip na bola e aplicações com as estatísticas da partida, Edson Arantes do Nascimento transformava a simplicidade de chutar a bola numa arte que perdura no tempo e continua a inspirar crianças e jovens em todo o mundo.

Figura incontornável da seleção brasileira, o ‘rei do futebol’ foi recentemente homenageado no Mundial do Catar, por se encontrar hospitalizado no Brasil.

Pelé não é só um ídolo dos brasileiros, mas de todos aqueles que apreciam o futebol e a sua história. Falar sobre o desporto mais popular do planeta sem mencionar o astro brasileiro seria um exercício – bastante – incompleto.

Pelé, um astro intemporal
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O talento no futebol

‘Dico’, como era chamado pela família, nasceu em Três Corações, Minas Gerais. Aos quatro anos mudou-se com a sua família para a cidade paulista, Bauru, onde já se destacava no relvado. Passados poucos anos, o jovem mostrava o seu talento no Santos Futebol Clube, que representou durante quase toda a sua carreira, entre 1956 e 1974.

Em 1969, na marcação de um penálti, Pelé faturou o seu milésimo golo, contra o Vasco da Gama, no estádio do Maracanã. Embora o número seja questionado, por contabilizar também muitos jogos amigáveis, o feito é visto como motivo de orgulho para os fãs.

Na seleção brasileira, o futebolista fez parte da chamada Era de Ouro, período entre 1958 e 1970, conquistando três títulos em quatro mundiais com a camisola do seu país.

Entre os anos de 1975 e 1977, jogou no New York Cosmos, conquistando o Campeonato da Liga Americana. Devido à sua prestigiante contribuição, Pelé foi eleito presidente honorário do clube.

Depois de pendurar as chuteiras

Pelé, um astro intemporal
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Ainda que possa haver discussões e comparações a respeito da sua carreira, o seu talento e o impacto no futebol são inquestionáveis. Mas o seu contributo vai além dos seus feitos no relvado.

Em 2018, Pelé lançou a sua fundação – a Pelé Foundation  que beneficia organizações em todo o mundo e cujos esforços são dedicados a capacitar crianças mais necessitadas.

No website da fundação encontramos um pouco mais sobre a sua contribuição para o mundo.

Depois de pendurar as chuteiras, em 1977, Pelé concentrou-se em usar a sua notoriedade para trabalhar nas causas em que acredita: a paz mundial, os direitos das crianças e o combate à pobreza.

Em 1994, Pelé foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNESCO, uma condecoração atribuída às pessoas que exercem uma influência para contribuir para a paz e a segurança mundiais.

Por todo o seu trabalho humanitário no mundo, a UNESCO também lhe concedeu o prémio ‘Crianças Necessitadas’, em 2012. Nesse ano, o ex-futebolista foi agraciado com um doutoramento honorário, atribuído pela Universidade de Edimburgo, como forma de reconhecimento da sua carreira e de todas as conquistas de que foi protagonista ao longo da sua vida.

O que Pelé representa

Pelé, um astro intemporal
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O website Roots of Fight, projeto que dá destaque a ídolos com conquistas memoráveis, define a importância da figura de Pelé.

“Para os Estados Unidos, Pelé significa lenda – o homem que trouxe o futebol para o país e elevou-o com a sua imaginação. Para a Nigéria, Pelé foi a paz. A presença dele foi o suficiente para declarar um cessarfogo numa guerra civil quando ele jogou uma partida no país em 1969. Para a África do Sul, Pelé significa admiração. Nelson Mandela disse uma vez que ‘vê-lo jogar era como assistir ao encanto de uma criança combinado à graça extraordinária de um homem feito’.”

O jornalista Roberto Cabrini, da Record TV, que já esteve em territórios flagelados pela guerra em todo o mundo, numa entrevista a um podcast, disse que uma simples fotografia ao lado do ‘rei do futebol’ abriu-lhe muitas portas e serviu como ponte para conseguir chegar a lugares de grande risco em segurança.

“Sempre carreguei comigo camisolas do Brasil e uma foto do Pelé (…) Essa imagem abriu-me muitas portas. [Fez com que] muitas situações de tensão fossem aliviadas.”

Pelé é uma daquelas raras pessoas que são para sempre. Eternas e intemporais. A sua figura permanece, independentemente da época, e tudo o que ele representa para o mundo extrapola o futebol. O menino Dico conquistou muito mais do que ambicionava.

O mesmo ‘p’ que carrega no nome que o tornou conhecido mundialmente, acompanhou-o ao longo de toda a sua jornada.

Nasceu Edson Arantes do Nascimento… tornou-se Pelé. Tinha também o sonho de honrar o seu pai. De representar o seu país. 

E nunca imaginou que, através dos pés, um dia seria também um símbolo de paz.

FONTEE.T. Studhalter - World Economic Forum Annual Meeting Davos 2006