Há muito tempo se diz que o cão é o melhor amigo do homem. Os laços estabelecidos entre animais e humanos vão muito além da diferença entre espécies.

Mulan é a melhor amiga de Abdullah Sholeh. A sua “amiga diária”, como o próprio afirma. Mulan é uma tigresa de cinco anos. Tinha apenas três meses quando o indonésio a ‘adotou’ e, desde então, tornaram-se inseparáveis. Abdullah, conhecido como ‘babysitter de tigres’, alimenta, brinca e até dorme com a felina. “Nunca tenho medo. Sinto-me feliz por poder viver com um tigre. Tento entender a sua natureza, humor e sentimentos, de forma a poder continuar a viver com ela”, revela. Babysitter e tigresa partilham momentos felizes em Malang, na Indonésia e Mulan chega a ser um pouquinho possessiva: “Fico com ela dia e noite e não gosta quando eu a deixo.” No entanto, ser o melhor amigo de uma ‘gata’ destas dimensões tem que se lhe diga. Abdullah costuma alinhar nas ‘lutas corpo a corpo’, brincadeira preferida da companheira, já preparado para as habituais patadas e mordidelas: “Tive sorte, as garras da Mulan quase me arrancaram um olho. Se acontecer um acidente, sei que não é intencional. Ela está apenas a agir como um tigre.”

“Até amarmos um animal, parte da nossa alma permanece adormecida.”
– Anatole France

Companheira de peso

Faz as refeições à mesa, gosta de café, vê televisão com os donos e recebe uma massagem todas as noites. Jessica é um dos animais de estimação de Shirley e Tonie. O casal sul-africano salvou-a da morte, após uma grande inundação, quando a hipopótama tinha apenas horas de vida. Tornou-se na filha que nunca tiveram. “Quando era pequena, era mesmo como uma criança. Não sei se ela pensa que eu sou um hipopótamo ou se ela acha que é humana, mas temos uma ligação incrível”, conta Tonie. Em termos de logística, nem sempre é fácil. Jessica partiu três vezes a cama dos donos, até que estes resolveram pô-la a dormir com os dois cães, seus melhores amigos, com quem luta por biscoitos. O casal acredita que o animal é bastante feliz ali, uma vez que o rio fica ao lado de casa e, mesmo que desapareça por uns dias, Jessica acaba sempre por voltar. A cozinha é o sítio preferido da hipopótama, que tem agora 13 anos. Batata doce, espigas de milho, couve e café são alguns dos petiscos de que mais gosta. “Ela é tão humana que às vezes parece irreal. Nunca ninguém tinha domesticado um hipopótamo”, diz Tonie.


O ‘leão amigo’

A história correu mundo e não deixa ninguém indiferente. Quem é que não se emociona ao ver as imagens do reencontro de Christian com os donos? Mas tudo a seu tempo. Comecemos pelo princípio, corria o ano de 1969. Os australianos John Rendall e Ace Bourke, acabados de chegar a Chelsea, encontraram o pequeno leão à venda numa loja e não lhe resistiram. Começou assim a vida de Christian como um leão citadino. Jantares em bons restaurantes, jogar à bola, passeios de Bentley e preguiçar na loja de móveis onde os donos trabalhavam – esta era a rotina do felino. Christian rapidamente se tornou bastante popular. “Tinha um ótimo sentido de humor. Às vezes, quando as pessoas ficavam a olhar para ele através do vidro do carro, ficava muito quieto e, quando estavam convencidas de que ele era um peluche, virava lentamente a cabeça e assustava-as”, conta Rendall. Passou-se um ano. Christian já não era uma cria, mas um respeitável leão com mais de 80 quilos. Tornou-se óbvio para Rendall e Bourke que seria impossível mantê-lo na cidade para sempre. Encontraram solução na Reserva Nacional de Kora, no Quénia, onde Christian se acostumou à vida selvagem. No entanto, um ano depois, decidiram visitar o amigo para ver como se estava a adaptar. Como iria reagir? Será que os reconhecia? Reconheceu. O desfecho já todos sabemos: um leão eufórico, a saltar para abraçar os donos, não cabendo em si de contentamento. As imagens foram captadas em vídeo e, décadas depois, tornaram-se virais no YouTube, perpetrando assim a história de Christian, o ‘leão amigo’.

FONTED.R.