Exposição: Vários olhares, a mesma guerra

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© Lusa

A mostra fotográfica ‘Ucrânia: Um crime de guerra’ reúne o trabalho de diferentes fotojornalistas sobre o conflito e pode ser vista, em Lisboa, a partir de amanhã. 

A exposição inclui a fotografia do ano do World Press Photo 2023, de Evgeniy Maloletka, e a inauguração acontecerá este sábado, no espaço Narrativa, em Lisboa – a entrada é gratuita.

A imagem captada pelo fotojornalista da agência de notícias Associated Press, a 9 de março de 2022, mostra uma mulher grávida a ser transportada numa maca, após o ataque a uma maternidade em Mariupol, na Ucrânia. É uma das 45 imagens que compõem a mostra ‘Ucrânia: Um crime de guerra’. 

Evgeniy Maloletka disse, à agência Lusa, que aquela imagem, e outras captadas na mesma ocasião, serviram para desmentir a justificação inicial dada pelas autoridades russas para terem atacado uma maternidade.

“Primeiro, as autoridades russas alegaram que o hospital estava ocupado pelo exército ucraniano e que não havia mulheres grávidas. E quando chegámos, depois do bombardeamento, vimos as pessoas lá. Não havia soldados, havia mulheres grávidas, crianças, famílias que tinham procurado abrigo, profissionais de saúde, que tinham lá as suas famílias também, porque era muito perigoso fazer deslocações na cidade”, lembrou.

Ou seja, o fotojornalistas e outros jornalistas viram “algo completamente diferente daquilo que a Rússia dizia”, desmontando assim “uma completa mentira da propaganda” russa.

O fotógrafo acredita que este caso específico reforçou a importância do jornalismo: “Quando vemos com os nossos próprios olhos o que está a acontecer ali”. Evgeny Maloletka recordou que Iryna Kalinina, de 32 anos, acabou por morrer, pouco depois do parto do bebé, “que nasceu morto”. E acrescenta: “Soubemos disso depois, no dia 11, quando chegámos ao hospital e encontrámos os médicos que a acompanharam”, contou.

O atentado à maternidade de Mariupol é uma das histórias sobre vários acontecimentos naquela cidade ucraniana que valeu a uma equipa da Associated Press, que inclui Evgeny Maloletka, o Prémio Pulitzer em Serviço Público de 2023.

A exposição ‘Ucrânia: Um crime de guerra’ inclui trabalhos de outros premiados com o World Press Photo, como Daniel Berehulak, Fábio Bucciarelli, Ron Haviv, David Guttenfelder e Finn Bar O’Rilley, e de uma premiada com quatro Pulitzer, Carol Guzy.

“As fotografias patentes são a prova do que muitos ucranianos sofrem, debruçando-se sobre os diferentes aspetos da guerra, ao longo de todo o território, de modo a traçar um retrato abrangente da destruição, do número de civis afetados pelo conflito e dos crimes cometidos em solo ucraniano”, destaca a Narrativa no texto de apresentação da mostra, que nasceu a partir de um livro, ‘Ukraine: A war crime’, da editora FotoEvidence, que reúne imagens captadas por 93 fotojornalistas de 23 países.

A inauguração de ‘Ucrânia: Um crime de guerra’, marcada para as 17:00 de amanhã, conta com a presença da fotógrafa ucraniana Oksana Parafeniuk, integrada na mostra e que deixou de fotografar o conflito quando foi mãe.