Crise no setor da construção devido a falta de mão de obra

Dois feridos em acidente em obra de construção civil em Aljustrel

Mão de obra qualificada para o setor está em falta, segundo explicou o Sindicato de Construção de Portugal. 

Esta situação está a limitar o setor, que necessita de 90.000 trabalhadores e tem estado dependente apenas de operários estrangeiros sem qualificações.

O presidente do sindicato, Albano Ribeiro, em declarações à Lusa afirma que a mão de obra qualificada no setor da construção pode estar a chegar ao fim da linha. Como exemplo apresentou o de uma obra na qual apenas 20% dos 150 trabalhadores que lá estavam eram portugueses, sendo que os restantes 80% eram compostos por trabalhadores estrangeiros não qualificados que nunca tinham, sequer, trabalhado no setor da construção.

Albano Ribeiro diz que o setor tem envelhecido e que não consegue chamar novos trabalhadores pois o trabalho não é apelativo, devido aos salários.

O sindicato garante que não tem nada contra, mas que a construção está cada vez mais dependente de trabalhadores provenientes do estrangeiro, que chegam totalmente desintegrados a níveis profissionais e sociais.

Os trabalhadores estrangeiros, devido à sua situação em Portugal, acabam por ser sustentados pelo sindicato que os ajudam monetariamente, tanto nos transportes como na alimentação.

Derivado desta situação precária, o Sindicato da Construção planeia organizar a 1 de fevereiro, um encontro no Porto, para o qual vai convidar o presidente da associação patronal AICCOPN, a Ministra do Trabalho e as embaixadas dos países de onde são provenientes os trabalhadores para o setor, nomeadamente do Brasil, Colômbia, Marrocos e Peru.

Para Albano Ribeiro a solução para este problema passa por seguir o exemplo do que acontece com os trabalhadores oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, que acabam por ser formados por empresas portuguesas de construção antes de iniciarem o trabalho em Portugal.

Foram também pensadas em outras formas de ajudar estes trabalhadores a não chegarem ao país totalmente desintegrados. O Sindicato pretende intervir junto aos sindicatos idênticos em vários países emissores destes trabalhadores.

O Sindicato da Construção destacou também os acidentes mortais que têm afetado o setor da construção, sendo que estes diminuíram em 51%, entre 2022 e 2023, passando de 57 incidentes para 27, apontando que o objetivo é de diminuir este número para 70%.

Neste alerta foram também lamentadas as mortes de trabalhadores com mais de 70 anos no setor, que envolvem operários que, devido às baixas reformas, ainda exercem trabalho no setor da construção.