As opções multiplicam-se para quem pretende comprar habitação própria. No entanto, os preços elevados, vínculos laborais pouco estáveis e rendimentos baixos acabam por ser os ingredientes que para quem está no início de vida tornam o processo bem difícil e desafiante.

“Conciliar aquilo que pretendo com os preços praticados no mercado – porque ou é uma casa como a que procuro ou é o valor que tenho capacidade de pagar – não tem sido nada fácil”, diz João Moutinho.

Sonho a prestações…
João Moutinho | © Record TV Europa

“As condições e o tamanho das casas em relação aos valores pedidos eram surreais. As casas estavam degradadas, muitas delas com canalizações que nunca tinham sido mudadas. Encontrámos casas com baratas em décimos andares. Portanto, eram prédios, devia estar completamente infestados e a pedirem balúrdios. Foi muito por aí… Era muito as condições das casas e o tamanho”, diz Joana Boieiro.

Joana Boieiro - Sonhos a prestações
Joana Boieiro | © Record TV Europa

João tem 28 anos. Joana 29. São apenas dois exemplos dos milhares de jovens portugueses que estão no início de vida e passaram o último ano à procura de casa. Ele ainda não conseguiu comprar. Ela assinou o contrato-promessa de compra e venda há dias.

“Encontrámos casas com baratas em décimos andares” – Joana Boieiro

Mas antes de conhecermos a história de cada um deles, é essencial perceber o que é preciso para dar o primeiro passo neste grande projeto de vida.

‘Papelada’ e orçamento (in)flexível

“Normalmente, a documentação anda à volta de comprovativos de declarações patronais, comprovativos de contratos efetivos, extratos de conta, recibos de vencimento, o mapa de responsabilidades do Banco de Portugal e documentos de identificação”, explica António Marinho, intermediário de crédito.

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António Marinho | © Record TV

“Com um ordenado médio não consegues juntar 20 mil euros, assim do nada, para dar uma entrada” – João Moutinho

“Vamos por um pequeno exemplo: queremos comprar uma casa que está à venda por 100 mil euros. O banco empresta 90%. A pessoa precisa de dispor de 10 mil euros, mas se a avaliação da casa, vamos partir do princípio que não se mantém nos 100%, o banco já não empresta 90%, só empresta 85%, ou seja, só empresta 85 mil. Isto significa que a pessoa aqui tem de dispor de 15 mil euros como valor de entrada”, exemplifica o intermediário de crédito.

E é aqui que começa a dor de cabeça. Com o salário médio em Portugal a rondar os 1200 euros, o orçamento para fazer face ao pagamento de todas as despesas mensais faz com que a maioria das pessoas não consiga poupar, nem ter dinheiro de lado para dar como entrada na compra de uma habitação.

“Esse é outro, digamos, problema do mercado atualmente. Ou tens uma boa base familiar que te pode ajudar ou ganhas muito bem e consegues amealhar um pouco, porque com um ordenado médio não consegues juntar 20 mil euros, assim do nada, para dar uma entrada”, lamenta João Moutinho.

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Os valores praticados no mercado imobiliário em Lisboa dificultam o acesso dos jovens à aquisição de casa | © Record TV Europa

Valores sobem ‘em flecha’

“É quase impossível termos esse dinheiro junto para dar assim logo de entrada para uma casa e queremos ver bem as condições dos bancos, porque depois há muitas propostas e nós precisamos de ver qual é a melhor e não há tempo para fazer uma boa análise, senão perdemos a casa, pelo menos aqui em Lisboa. Isso acaba por ser muito difícil conciliar as duas coisas: ficar com a casa e ter uma boa proposta de crédito”, conta Joana Boieiro.

Em Portugal, de acordo com os dados do Eurostat, comprar casa está 57% mais caro do que há 10 anos. O país está na 11.ª posição na tabela de valores de casas na União Europeia

“Os valores vão sempre depender muito das tipologias, do tipo de prédio. Em Lisboa, não temos uma grande diferença de tipos de empreendimentos. Temos tanto os antigos como construção nova. Se nós fossemos balizar pela construção nova, estaríamos a falar em mais de 10 mil euros por metro quadrado, 11/12 mil euros por metro quadrado nas tipologias mais pequenas”, explica Carlos Rodrigues, diretor comercial de uma agência imobiliária.

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Carlos Rodrigues | © Record TV

 

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FONTE© RossHelen, Envato