César Ribeiro - Share Magazine - Opinião
César Ribeiro

Professor

O título da presente crónica pode ter duas interpretações. Veremos, no final. Numa das minhas recentes leituras dei por mim debruçado sobre o tema da Inteligência Artificial, ou, usando o termo noutro idioma, Artificial Intelligence (AI). À medida que a leitura fluía fui tirando uns apontamentos para refletir posteriormente.

Afinal, o que é dito sobre o que, a confirmar-se, virá a acontecer? Acredito que um dos maiores receios do cidadão comum seja vir a ser substituído por uma máquina ou por um sistema, ou seja, de um dia para o outro, ficar desempregado. Obviamente, dá que pensar, já que a maioria de nós precisa dos nossos empregos para viver.

Contudo, naqueles apontamentos que vos referi ter tirado encontrava-se algo curioso: um certo tipo de emprego que não estaria em risco de terminar mesmo que as máquinas, os robôs e coisas do género fizessem fila para pousar na terra. E esta, heim? Seria uma esperança para o ser humano?

Vejamos: trata-se de empregos que exigem ‘paixão’ e ‘empatia’. Confesso que quando leio isto o que logo me vem à cabeça são empregos relacionados com cuidados prestados a terceiros, por exemplo, a idosos, crianças, doentes, etc. É aquele tipo de emprego que não deveria ter o nome de ‘emprego’, mas de ‘dom’.

É executado por pessoas que nunca leram nos manuais técnicos que é momento de passar a mão na face, ou de limpar a lágrima, ou de juntar mão à mão, mas que o fazem constantemente a quem precisa.

Este tipo de emprego é o tal que, a ser verdade, vai perdurar, por ser difícil que as máquinas consigam fazê-lo melhor, ou tão bem como nós. Não sei se será assim, o tempo o dirá e nós veremos.

Também não sei se estaremos preparados para tal. Assumindo que possa ser verdade, já refleti e coloquei as minhas barbas de molho. Seria triste preferir o desemprego a ser alguém ‘mais pessoa’, ‘mais apaixonado’, ‘mais amigo’, ‘mais interessado’ e menos ‘interesseiro’.

Aliás, era assim que deveria ser, no geral, independentemente do emprego. Concluindo, dependendo da decisão, o título da crónica poderá ser ‘AI – Artificial Intelligence‘ ou ‘AI!, o que será que vai acontecer’.

FONTEPavel Danilyuk